A Gol Linhas Aéreas confirmou seu pedido de reestruturação financeira nos Estados Unidos, utilizando o Capítulo 11 da lei de falências. Este processo, semelhante à recuperação judicial brasileira, visa reorganizar as obrigações da companhia aérea no curto prazo, enquanto busca garantir a sustentabilidade operacional para os anos seguintes.
A dívida da Gol é estimada em R$ 20 bilhões, sendo grande parte decorrente do alto custo operacional e dos impactos financeiros causados pela pandemia de Covid-19. Especulações sobre a possibilidade de um pedido de recuperação judicial já eram amplamente discutidas.
A empresa ressaltou que, apesar do elevado endividamento, a expectativa é de que a Gol consiga reestruturar suas contas e continuar operando. Analistas acreditam que a companhia será capaz de superar os desafios no setor de aviação, embora este enfrentasse dificuldades com outras empresas, como Itapemirim, Avianca Brasil, Varig e Transbrasil.
Situação Financeira da Gol e Desafios no Setor
O analista Ygor Araújo, da Genial Investimentos, destaca que o principal fator de endividamento da Gol é o alto custo operacional, especialmente relacionado ao leasing de aeronaves. A demora na entrega de uma nova frota pela Boeing, combinada com a necessidade de manutenção de aeronaves antigas, contribuiu para essa situação.
A pandemia de Covid-19 exacerbou os problemas financeiros do setor aéreo, levando a Gol a ajustar prazos de dívidas e enfrentar prejuízos significativos. A valorização do dólar e do petróleo nos últimos anos também impactou os custos operacionais, tornando mais onerosa a utilização de querosene de aviação.
Apesar dos desafios, a Gol registrou resultados financeiros melhores do que o esperado no terceiro trimestre de 2023, com uma receita operacional de R$ 4,7 bilhões, um recorde histórico.
Reestruturação Financeira e Escolha pelos EUA
A Gol optou pela reestruturação nos Estados Unidos devido à maioria de suas dívidas ser internacional, principalmente com empresas de leasing e instituições financeiras. O processo pelo Capítulo 11 facilita as negociações, permitindo à empresa renegociar dívidas, estender prazos e obter novos empréstimos sob mediação da justiça.
A companhia já garantiu US$ 950 milhões em financiamento durante o processo de reestruturação, proporcionando liquidez substancial para suas operações continuarem normalmente. O plano de recuperação judicial será submetido à aprovação dos credores.
O setor aéreo é notoriamente sensível a diversos eventos, como variações nos preços do petróleo, crises econômicas, competição acirrada e até mesmo acidentes. A Gol junta-se a outras companhias aéreas, como American Airlines, Delta e United Airlines, que já passaram por processos semelhantes nos EUA.
A expectativa geral é de que a Gol conseguirá superar seus desafios e manter suas operações, aproveitando a reestruturação para gerar caixa. A empresa assegurou que a recuperação não afetará clientes, funcionários ou serviços como o programa de milhagem Smiles. Fornecedores e parceiros comerciais serão honrados conforme compromissos financeiros assumidos após o pedido de recuperação judicial.
Com informações do g1.