Germano Lüders/Exame
Com dívida de R$ 20 bilhões, companhia diz que atrasos na entrega de aeronaves levou a corte de 8,45% dos voos
Enquanto Latam e Azul ampliaram seus voos para 2024, a Gol promoveu um corte de 8,45% —mais de 4.500 voos em seu planejamento de operações para o primeiro trimestre deste ano.
Até 31 de março, a companhia registrou na Anac (Agência Nacional de Aviação) 48.942 voos domésticos de transporte de passageiros. No mesmo período de 2023, a companhia havia previsto 53.459 voos.
Houve uma redução de 8,45% na Gol. As concorrentes Latam e Azul registraram, respectivamente, 1,1% e 7,1% de voos a mais nos três primeiros meses deste ano em relação ao primeiro trimestre de 2023.
O registro é obrigatório. Nenhum voo pode ter assentos comercializados sem que a companhia cumpra essa etapa inicial.
A redução impacta diretamente a oferta de passagens no mercado, dificultando a redução dos preços –como quer o presidente Lula.
Outro indicador é a quantidade de assentos. Serão 677 mil passageiros a menos nos voos da Gol até 31 de março, uma queda de 7,1% ante o primeiro trimestre de 2023. Azul prevê ampliar em 7,8% os seus assentos ofertados, e a Latam, em 2%.
Atraso do fornecedor
A Gol informa que sofre com atrasos e incertezas no cronograma de entregas de novas aeronaves Boeing 737-MAX 8, fruto da crise global da cadeia de suprimentos da indústria da aviação.
“Ao longo de todo o ano de 2023, a companhia recebeu um terço das novas aeronaves previstas”, disse a Gol em nota.
A Gol diz que o planejamento de malha aérea para este ano reflete esse cenário.
Este é mais um problema que a companhia enfrenta, além de buscar uma saída para o refinanciamento de sua dívida que, segundo estimativas de agências de risco, gira em torno de R$ 20 bilhões.
No fim do ano passado, entretanto, a companhia anunciou ter contratado a Seabury Capital, consultoria especializada em aviação, para fazer “uma ampla revisão de sua estrutura de capital”.
Uma das principais consultorias de aviação do mundo, a Seabury, segundo a Gol, vai ajudar na gestão de passivos, transações financeiras e outras medidas para melhorar a liquidez.
No comunicado, a Gol informou ainda que a Seabury, em conjunto com a Skyworks, “prosseguirá com as negociações em andamento com seus arrendadores de aeronaves com o objetivo de alcançar uma reestruturação consensual abrangente das obrigações de [sua] frota”.
A Gol não quis comentar se a consultoria da Seabury teve peso na reestruturação das operações no Brasil.