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A EBC(Empresa Brasil de Comunicação) contratou, há pouco mais de três meses, o influenciador Murilo Ribeiro Pereira (conhecido nas redes sociais como “Muka”) para trabalhar na estatal com um salário de R$ 17,8 mil.
Muka é próximo à Janja, a quem de maneira recíproca se refere como “amiga”, e é agenciado pela Mynd, empresa de marketing digital que, desde o fim de 2023, está sob ataques bolsonaristas ante a suspeita de manter em seu catálogo páginas alinhadas ao petismo (e à própria Janja).
Com 245 mil seguidores nas redes sociais, “Muka” ocupa desde 21 de setembro o cargo de gerente de pauta dedicado à área de variedades da empresa, sob o guarda-chuva da diretoria de programação. A mesma função era desempenhada anteriormente pelo publicitário Jeferson Monteiro, criador da paródia “Dilma Bolada” (também com amplo alcance on-line), exonerado em agosto
A chegada à EBC permaneceu oculta das redes até a coluna contatar “Muka”, mas consta em Diário Oficial, numa portaria assinada por Jean Lima, presidente da empresa.
Na internet, “Muka” se dedica a comentar reality shows de confinamento em podcasts ao vivo que atraem milhares de ouvintes diários, incluindo famosos. Janja, aliás, começou pela ferramenta de áudio e, depois, chegou a convidá-lo a dois encontros presenciais dela com influenciadores.
Ele também atua para defendê-la quando necessário. Em 11 de dezembro do ano passado, por exemplo, quando Janja foi alvo de uma invasão cibernética, “Muka” prestou solidariedade “à amiga e primeira-dama, vítima desse ataque covarde e absurdo”.
Antes, em 9 de setembro, “Muka” publicou um longo texto em que chamava Janja de “mulher antenada, interessada nas questões do país e empenhada em tudo aquilo que realmente interessa”.
Na ocasião, “Muka” rebatia os que criticavam o fato de a primeira-dama ter sido a única a acompanhar as sessões fechadas do G-20, em Nova Déli: “Muitos defendem a figura da primeira-dama que organiza chás de senhoras distintas e fecha os olhos para os grandes temas (…). Pergunto: isso interessa a quem?”, publicou o influenciador à época.
Questionado por um usuário se havia recebido para escrever aquela mensagem (“Ganhou quanto pra passar pano? Foi no Pix?”), “Muka”, que só seria contratado pela EBC mais de dez dias depois, respondeu: “Não ganhei nada (…)”.
Procurado pela coluna a respeito da contratação, “Muka” afirmou que não há qualquer relação entre o novo trabalho e a relação com Janja. E explicou que a chegada à EBC estava sendo mantida longe das redes como parte da estratégia de lançamento de duas atrações com “digitais” dele na TV Brasil.
“Muka” está desenvolvendo um programa semelhante ao podcast que mantém nas redes sociais, com debates de temas aquecidos na web. E, além disso, deve integrar a equipe do programa “Sem Censura”, apresentado por Cissa Guimarães e previsto para estrear nos próximos meses.
No currículo, “Muka” tem duas décadas de trabalho dedicadas à extinta TV Escola, ligada ao MEC — a experiência, segundo ele, contou para a recente contratação, sem o intermédio de Janja.
O Globo