Os ataques dos Houthis a navios no mar Vermelho e os baixos níveis de água no canal do Panamá estão apresentando novos desafios para a cadeia global de suprimentos. Esses eventos estão forçando a mudança de rotas na região. Segundo o recente relatório do banco japonês Nomura, o mar Vermelho desempenha um papel estratégico no comércio, sendo a única passagem para o canal de Suez.
A Bloomberg informa que aproximadamente 12% do comércio global ocorre através do canal de Suez, incluindo até 30% do tráfego de contêineres. É relevante destacar que o canal de Suez é crucial, proporcionando a rota marítima mais curta entre Ásia e Europa, com cerca de 40% do comércio mundial passando por ele. Além disso, os analistas do Nomura destacam que entre 8-10% do petróleo mundial e 8% do gás natural atravessam o mar Vermelho, resultando em aumento de tempo e custos de trânsito.
“A mudança de rota aumenta a distância de transporte em aproximadamente 30% e adiciona entre 7 e 10 dias ao tempo de transporte em cada direção, gerando viagens mais longas e atrasos nas entregas”, afirmaram.
“Os custos de transporte também aumentaram devido ao aumento das tarifas de frete, custos trabalhistas e prêmios de seguro, e é provável que haja falta de equipamentos à medida que os contêineres vazios são removidos. É compreensível que o impacto nos custos de transporte tenha sido maior na Ásia e Europa do que nos Estados Unidos”, afirmou o Nomura.
Segundo o relatório, o índice composto de fretes do WCI (Índice Mundial de Contêineres, em português) subiu quase 150% em 18 de janeiro (desde 14 de dezembro de 2023).
As tarifas de frete da China (Xangai) para a Europa (Roterdã) aumentaram 243% durante o mesmo período. Excluindo a era da pandemia, quando os custos de transporte dispararam, estas são as tarifas de frete mais altas desde o início da série em 2011.
Além do aumento dos custos de transporte, houve um crescimento nas taxas de seguro, especialmente para navios dos Estados Unidos, Reino Unido e Israel.
Segundo o relatório, a Europa parece ser a região mais afetada. Os automóveis, o setor. “Isso se deve principalmente ao fato de os fabricantes de automóveis da UE [União Europeia] dependerem fortemente da Ásia para o fornecimento de veículos elétricos e haver um atraso na entrega de materiais e componentes de fabricação da Ásia”, afirmam especialistas do Nomura.
“Alguns grandes varejistas europeus que se abastecem de produtos da China, Bangladesh e Índia também foram afetados, mas ainda não é um problema generalizado”, acrescentam.
“No caso dos automóveis, os atrasos nos envios de peças e componentes estão causando reduções na produção na Alemanha, Bélgica, Espanha e Hungria. Por exemplo, o fabricante de veículos elétricos Tesla anunciou que suspenderá algumas atividades de produção em suas instalações de Berlim de 29 de janeiro a 11 de fevereiro como resultado dos problemas de fornecimento causados pelas interrupções no mar Vermelho”, dizem os analistas.
Poder 360/Com informações de Investing Brasil