Quatro dias após renovar seu contrato com o Real Madrid, Carlo Ancelotti reforçou sua decisão nesta terça-feira e disse que “as coisas aconteceram como eu queria”. O técnico italiano também confirmou e agradeceu o contato de Ednaldo Rodrigues, presidente afastado da CBF, para assumir o comando da seleção brasileira.
“Todo mundo sabe, é a realidade, o Real Madrid também sabe que eu tive contato com o presidente da CBF, que era o Ednaldo Rodrigues. Quero agradecê-lo pelo carinho e interesse que demonstrou para que eu treinasse a seleção brasileira. Me senti muito honrado e orgulhoso, mas dependia da minha situação no Real Madrid. Isso estava claro para todos”, comentou Ancelotti.
O treinador, sem explicar se esta teria sido a causa da sua renovação com o Real, mencionou que Ednaldo deixou a presidência da CBF recentemente. “Nos últimos meses, aconteceu que o Ednaldo deixou de ser presidente da confederação, mas o contato aconteceu. No fim das contas, as coisas aconteceram como eu queria, que era continuar aqui. Sempre quis ficar no Real Madrid”, declarou.
Questionado sobre o futuro, numa possível nova negociação para comandar a seleção brasileira, Ancelotti se esquivou. “Posso conceber isso, pensar em ser treinador do Brasil é um grande sonho, mas não sei se vão me querer em 2026. Não sei se eles estão felizes com a minha decisão”, disse o técnico, citando o período de duração do novo contrato com o Real Madrid.
A renovação foi anunciada na sexta-feira, ampliando o momento de crise e instabilidade vivido pela CBF, após o afastamento de Ednaldo, em decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, no início deste mês. A entidade vem sendo comandada temporariamente por José Perdiz de Jesus, que era o presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). Ednaldo vem tentando retomar seu posto na Justiça, mas só sofreu derrotas recentemente, tanto no Superior Tribunal de Justiça (STJ) quanto no Supremo Tribunal Federal (STF).
O presidente afastado considerava Ancelotti o futuro treinador da seleção brasileira, em substituição a Fernando Diniz, contratado por um prazo definido de um ano, em julho de 2023. Na ocasião, Ednaldo anunciou também publicamente Ancelotti, que assumiria o cargo a tempo de liderar a seleção na Copa América, marcada para começar no fim de junho de 2024. “Então, (Diniz) é um treinador que realmente a proposta de jogo dele é quase parecida também com a do treinador que assumirá a partir da Copa América, o Ancelotti. Tem quase o mesmo tipo de proposta de jogo”, declarou Ednaldo, na época.
Apesar das declarações do então mandatário da CBF, Ancelotti vinha se esquivando publicamente. Questionado diversas vezes sobre o seu futuro em entrevistas coletivas no Real, o italiano evitava confirmar qualquer acerto com a seleção brasileira. Em resposta, Ednaldo minimizava a postura do treinador. “É um detalhe dele. Isso aí, só ele para responder”, chegou a comentar.
O então presidente da CBF vinha tratando Diniz como o responsável por fazer uma transição na seleção, entre o fim da era Tite, encerrada em dezembro de 2022, e a chegada de Ancelotti, considerado referência pelo próprio treinador gaúcho.
Estadão