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Segundo moradores, a organização criminosa local tem serviço de internet e TV a cabo. Para aumentarem o número de clientes, costumam sabotar a presença de operadoras, como a Claro, seja retirando cabos ou as caixas de sinal. Intimidadas, elas deixam de atender a região, e os moradores, para não ficarem a esmo, acabam contratando os pacotes da milícia.
Ao avisar sobre a falta de internet em sua casa, Renato (nome fictício) recebeu um aviso, pelo aplicativo da Claro, de que a região “enfrenta problemas de segurança pública'”. Ele conta também que já viu pessoas, como se fossem de equipes de manutenção, mexendo em postes de luz e nas caixas de sinal, mas não usavam identificação nem uniforme com logo de empresas.
— A gente acha suspeito, mas não fala nem denuncia nada. Já vi pessoas em prestação de serviços mexendo nos cabeamentos dos postes, mas não usavam uniforme nem nada que identificasse a empresa onde trabalham — diz. Segundo ele, alguns moradores da Rua Albano estão sem internet desde novembro.
Em nota, a Conexis disse que “em alguns estados, o problema do roubo e vandalismo de cabos, geradores, baterias, entre outros equipamentos, se soma ao bloqueio de acesso das equipes das prestadoras para a manutenção de seus equipamentos, usados para a prestação do serviço. As operadoras ficam sem acesso aos equipamentos e são impedidas de dar a manutenção necessária à prestação do serviço”. Já a Claro avisou que “a caixa furtada foi reparada e os serviços fornecidos por meio deste equipamento foram restabelecidos nesta quarta-feira”.
Carros de aplicativos não entram
Na Gardênia Azul, também na Zona Oeste, uma pichação no asfalto de uma rua próxima à comunidade do Marcão proíbe a entrada de veículos da Uber e 99. A região, antes dominada integralmente pela milícia, também sofre com a atuação do Comando Vermelho, que começou a invadir as comunidades em dezembro de 2022. A proibição dos carros de aplicativos, segundo moradores, pode ser pela concorrência com os mototáxis.
Uma moradora, que não quis se identificar, conta que, em outros pontos da Gardênia, como na Avenida Isabel Domingues, conhecida localmente por Via 7, a proibição é apenas para motos. Contudo, devido ao medo, motoristas de carro também tem evitado a região.
No Twitter, uma postagem sobre o caso viralizou. Nela, diversas pessoas reclamam da interferência dos grupos criminosos no local.
“Hoje, infelizmente, acabou o respeito com o trabalhador. O tráfico tá viajando na maionese. Antigamente, ‘batia neurose’ com quem oferecia perigo, agora, afeta trabalhador”, afirma uma publicação.