Algumas crianças sonham em ter uma casa na árvore. Mas um japonês transformou seu sonho de infância em realidade adulta. Crescendo em Tóquio, Satoru Kikugawa visitava frequentemente a casa de verão da família no campo, onde aprendeu a apreciar a natureza, mas foi por meio de um livro infantil japonês chamado “I Want a Big Tree”, que o seu sonho em ter uma casa na árvore, ganhou asas.
No entanto, somente décadas depois é que uma viagem em família ao Bornéu, uma ilha na Ásia, trouxe urgência e impulso para tornar esse sonho realidade. Como explica Kikugawa, ele estava sobrevoando a ilha quando viu uma grande floresta derrubada e transformada em uma plantação de palmeiras e foi neste momento em que ele pensou em ajudar o meio ambiente, ao mesmo tempo em que geraria renda para os habitantes locais com a construção do Treeful – um resort de luxo na província de Okinawa.
Havia apenas um problema – Kikugawa não tinha absolutamente nenhuma ideia de como construir uma casa na árvore. Durante o dia, ele trabalhava como presidente da Gala Inc., uma empresa que cria videogames RPG, entre outros projetos. Por isso, ele recorreu ao YouTube e começou a assistir vídeos instrutivos. Demorou anos, além de muitas tentativas e erros. Ele teve que aprender sozinho a usar uma serra circular e outras ferramentas de carpintaria.
Kikugawa conseguiu comprar algumas terras na floresta de Okinawa. Mas em vez de escolher o local e depois derrubar uma árvore, ele andou até ver a árvore certa, em que ele abraçou. A partir daí, ele começou a construir a casa ao redor.
Foto: Divulgação/Treeful Treehouse Resort.
Um caso de família
“Não recebi muito apoio inicialmente quando tive essa ideia”, diz Kikugawa. “Muitos me viam apenas como um homem rico em busca de um hobby.”
Mas sua filha Maha, sempre acreditou na ideia do pai e disse à CNN que seu pai incutiu nela o amor pela natureza desde a infância. Ela, que é formada em ciência política de ecossistemas, acompanhou o pai em viagens à Costa Rica e aos EUA para visitar projetos semelhantes de casas na árvore.
Kikugawa concluiu a primeira de suas estruturas, Spiral Treehouse, em 2014. Tornou-se a primeira parte do que hoje é Treeful. “Eu admiro meu pai e sua paixão por tornar o mundo um lugar melhor por meio de casas na árvore”, disse Maha à CNN Travel.
Sustentabilidade em primeiro lugar
Agora, existem quatro casas na árvore neste resort, cada uma construída para garantir o mínimo de perturbação possível ao meio ambiente. Uma delas, a AeroHouse, foi construída 1,2 metros acima do nível do solo para proteger o habitat da vida selvagem local.
Foto: Divulgação/Treeful Treehouse Resort.
Cavilhas de madeira foram usadas em vez de parafusos de metal, e os quartos possuem banheiros de compostagem. A água do poço é esterilizada com luz ultravioleta, evitando o uso de cloro.
O piso e o teto são feitos de madeira desfiada para que a luz do sol ainda possa fluir pela casa da árvore e fornecer energia às plantas que ficam embaixo, evitando perturbações ao ecossistema.
A decoração dos quartos, como luminárias e estantes, também é feita com pedras e galhos que caíram naturalmente da floresta. Vale ainda ressaltar o trabalho de Donna, a cabra do resort, que cuida da grama.
A construção de um legado
O resort foi inaugurado em 2021, sete anos depois do início de sua construção. Desde então, ganhou vários prêmios de design e reconhecimento do Guinness World Records por ter a casa na árvore mais baixa do mundo, com “3,6 m (11 pés 9 pol.) abaixo da base da árvore hospedeira”.
Mas Kikugawa tem outros planos que vão além da sua terra natal. Atualmente, ele está trabalhando com o governo cambojano em um projeto para construir casas na árvore dentro do Parque Nacional Phnom Kulen, perto de Siem Reap. É uma das várias iniciativas destinadas a combater a exploração madeireira ilegal.
Chegando lá
Visitar Treeful requer planejamento antecipado. O resort fica a 90 minutos de carro do Aeroporto de Naka (OKA), em Okinawa, ou a três horas de ônibus (com uma transferência) da cidade de Genkawa Iriguchi. Além disso, a equipe aconselha chegar antes do pôr do sol, pois não usam luzes artificiais e a floresta pode ficar bastante escura. É uma experiência que vale a sua visita.
Fonte: CNN Brasil.