Conhecido como “o maior bicheiro do Estado de São Paulo”, o empresário Ivo Noal morreu aos 88 anos, no Hospital Israelita Albert Einstein, na capital paulista. A informação foi confirmada ao Terra pelo advogado do neto bicheiro, Oswaldo Segamarchi Neto.
De acordo com a certidão de óbito de Noal, as causas foram infecção por coronavírus, pneumonia bacteriana, acidente vascular encefálico isquêmico e insuficiência cardíaca. O corpo foi cremado no Crematório Municipal Doutor Jayme Augusto Lopes, na Vila Alpina.
Embora a informação da morte de Ivo só tenha vindo a público nesta terça-feira, 12, o bicheiro morreu na manhã do dia 12 de novembro deste ano. Deixando cerca de R$ 21,2 milhões em dívidas, processos judiciais milionários e um patrimônio de tamanho desconhecido. A família, composta por dez filhos, está em litígio por seu espólio.
A informação foi publicada nesta terça-feira em uma reportagem da revista Piauí, pela repórter Adriana Farias. A família entrou em litígio após o bicheiro sofrer um AVC em 2019.
Um dos seus imóveis mais valiosos será leiloado online na próxima sexta-feira, 15 de dezembro, até 9 de fevereiro de 2024, como parte do cumprimento de uma ação judicial de dez anos para o pagamento de pensão alimentícia ao neto de Ivo, João Vitor Delgado Noal.
Na época, houve um decreto de prisão por falta de pagamento alimentício contra Ivo Noal Filho e os advogados pediram para que o avô, que era Ivo Noal, fosse responsável pelos alimentos. No entanto, segundo a Piauí, o neto ficou sem receber o benefício por cinco anos. Para evitar que a casa fosse leiloada, parte da dívida foi quitada em R$ 750 mil, restando R$ 612,2 mil para ser pago.
A casa, que está localizada em Ilhabela, no Litoral Norte de São Paulo, está avaliada em R$ 21,9 milhões e foi adquirida há 38 anos.
Quem era Ivo Noal?
Formado em direito, Ivo ficou conhecido por operar atividades clandestinas do jogo do bicho – por isso o nome ‘bicheiro’. A prática é proibida no Brasil e é considerada crime.
De acordo com informações da revista Piauí, no início dos anos 2000, aos 65 anos, seu patrimônio era estimado em R$ 561 milhões, em torno de R$ 2,46 bilhões em valores corrigidos. Tudo isso dividido entre mais de setenta propriedades, uma empresa de aviação, uma fábrica de utensílios domésticos e outros.
Além do jogo do bicho, o “negócio” se expandiu para outras áreas e com menos rastros. Como a lavagem de dinheiro, máquinas caça-níqueis e entre outros chegando a níveis internacionais. Nas poucas vezes em que ficou preso, entre as décadas de 1950 e 1990, enfrentou acusações como exploração do jogo do bicho, formação de quadrilha, corrupção ativa e passiva.
Em meados da década de 1980, chegou a tentar um cargo político pelo PDT, mas teve a candidatura impugnada por antecedentes criminais.