Carol Werner foi algemada em Balneário Camboriú por caminhar com os seios expostos, e cita ‘julgamento da sociedade’
— Assim como várias outras mulheres, fui mais uma vítima da nossa sociedade patriarcal, machista que oprime as mulheres e através do uso da força ou de algemas no caso, buscam nos calar — afirma ela, ao GLOBO. — Como pode o corpo de uma mulher ser considerado obsceno? Como pode uma mãe ter que recolher-se para poder amamentar seu filho em paz sem que seja julgada ou desejada mesmo em um ato tão puro e natural. Passou da hora de esse ser um tema de debate em nossa sociedade.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/Z/a/qtMgXEQtm5SjluMmsc8w/whatsapp-image-2023-05-17-at-18.38.31.webp)
Conforme apurado pelo GLOBO à época, a empresária e modelo foi detida por desacato à autoridade e não pelo ato de fazer topless. Segundo a Polícia Civil, a mulher alegou que estava apenas passeando com seus cachorros. O crime de ato obsceno, previsto no artigo 233° do Código Penal, tem como pena detenção de três meses a um ano ou multa.
— O que aconteceu comigo, o abuso de autoridade e o julgamento por parte da sociedade, demonstram como a própria interpretação da lei reflete condutas de gênero ditadas pela cultura patriarcal, violenta, em relação ao controle dos corpos femininos — defende-se ela hoje. — Por ser mulher e por ter seios com formas ligeiramente diferentes, eu fui presa. Há uma clara reiteração do controle dos corpos femininos por meio da criminalização. Uma forma perversa de reforçar a pedagogia do recato dirigida à mulher para repressão, hipocritamente em um país que historicamente vende corpos femininos nus, em seu maior evento cultural, o carnaval.