Um vídeo capturado em uma sala de cirurgia em Guigang, no sudoeste da China, causou espanto nas redes sociais. Nele, uma idosa aparece sendo agredida por um médico, durante uma cirurgia. O conteúdo, apesar de ser de dezembro de 2019, veio à tona nesta semana, após ter sido compartilhado por uma médica chinesa famosa. Nesta quinta-feira, o hospital anunciou que o CEO da unidade foi demitido e o médico, que também era diretor, suspenso. As autoridades chinesas estão investigando o caso.
Câmeras de segurança mostraram a idosa, que segundo a BBC tem 82 anos, deitada em uma maca, com o médico logo atrás. Sua cabeça está parcialmente escondida no vídeo devido a um aparelho oftalmológico, que aparece na frente. No canto esquerdo superior, é possível ver um outro médico, que aparece de costas no momento.
Duas vozes, uma masculina e uma feminina, são ouvidas ao fundo, mas não é possível identificar a quem pertencem. Segundos depois, o médico acerta pelo menos três vezes a cabeça da paciente, que levanta as pernas por reflexo. Neste momento, outros dois funcionários do hospital chegam. Um deles segura a perna da idosa e o outro parece falar com o cirurgião.
A unidade foi identificada pela BBC como Aier Eye Hospital, especializada em tratamentos oftalmológicos. Ao jornal britânico, a rede contou que a idosa “durante a cirurgia, devido à anestesia local, teve intolerância”. Ela então teria mexido os olhos e a cabeça várias vezes durante o procedimento.
Médico acerta soco em paciente idosa durante cirurgia na China
Ainda segundo o comunicado da empresa citado pela BBC, a idosa falava um dialeto e não parecia entender os alertas — feitos em mandarim — pelo médico-cirurgião. O hospital observou que o suspeito “tratou a paciente de maneira rude durante uma situação de emergência”. As autoridades afirmam que a idosa apresentava hematomas roxos na região da testa.
O filho da vítima, que falou aos veículos locais e foi citado pela rede britânica, contou que a idosa recebeu uma indenização de US$ 70. Sua mãe está cega do olho esquerdo, embora ele afirme que não seja possível confirmar a ligação com a agressão.
O médico foi suspenso devido às “graves violações dos regulamentos do grupo”, segundo o comunicado citado pela BBC, e o CEO da unidade foi demitido.
Apesar do vídeo ter sido gravado em dezembro de 2019, ele só veio à tona nesta semana, após a médica Ai Fen tê-lo compartilhado em sua conta na rede social chinesa Weibo, na qual tem mais de dois milhões de seguidores.
Fen, diretora do departamento de emergência do Hospital Central de Wuhan, foi uma das principais responsáveis por, junto a outros médicos, comunicar ao público sobre o surto de Covid-19 na cidade, até então omitida pelas autoridades chinesas.
Segundo a BBC, a médica está em uma disputa judicial com a rede de hospital, desde 2021. Fen alega que teria quase ficado cega de um olho, após realizar uma cirurgia de visão no local. A Aier, segundo o jornal, nega as acusações.
Créditos: O Globo.