As investigações da Polícia Federal (PF) revelaram que os dois homens com mandado de prisão por suspeita de ligação com o grupo terrorista Hezbollah estavam monitorando espaços ligados aos judeus brasileiros para possíveis ataques.
As informações estão em trechos da decisão judicial da última quarta-feira, 5, da 2ª Vara Criminal Federal de Belo Horizonte, que manteve a prisão preventiva dos suspeitos e revogou a ordem de detenção de outras duas pessoas.
As investigações fazem parte da Operação Trapiche, iniciada pela PF em 8 de novembro, depois de receber um memorando do FBI, o serviço de inteligência norte-americano, sobre suspeitas de conexão com grupos terroristas.
Sírio investigado por servir ao Hezbollah no Brasil está foragido
Os suspeitos são Mohammad Khir Abdulmajid, sírio naturalizado brasileiro que está foragido, e Lucas Passos Lima, brasileiro que teria sido recrutado por Abdulmajid.
Abdulmajid é apontado como o principal suspeito de recrutamento de brasileiros pelo grupo terrorista Hezbollah. Ele morava em Belo Horizonte e mantinha tabacarias no centro e na Savassi. O suspeito pode ter deixado o Brasil em outubro. Lima está preso desde o início da operação.
Além de Lima, Abdulmajid recrutou ao menos mais quatro brasileiros para praticar atos terroristas, de acordo com as investigações.
A quebra de sigilo telemático e de celulares apreendidos mostrou que Lima realizava tarefas de reconhecimento de locais para possíveis ataques à comunidade judaica no Brasil. As pesquisas mostraram registros de vídeos e fotos de sinagogas e de espaços religiosos em Goiás e no Distrito Federal, incluindo a Embaixada de Israel no Brasil.
“Além de pesquisar o endereço da Sinagoga Keter Torah, foi localizado um vídeo no qual um veículo trafega à noite pela rua onde fica o templo religioso”, diz trecho do documento. “Quando se aproxima do local, um dos ocupantes do veículo diz: ‘Bingo’. O motorista diz: ‘Vou dar a volta aqui e você filma.”
A PF encontrou áudios recebidos por Abdulmajid que reforçam a as conclusões das investigações. “A gente vai fazer o que você quiser, assaltar banco, explodir carro forte né, o que você quiser fazer”, disse um homem em um dos áudios.