As últimas ações do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, ligaram o sinal de alerta no Palácio do Planalto e forçaram o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a convocar uma reunião de emergência com o chanceler Mauro Vieira e o embaixador Celso Amorim, assessor especial do presidente.
A avaliação de auxiliares de Lula é que Maduro avançou para além da retórica. O governo brasileiro mantém o entendimento de que um conflito iminente é improvável, mas a postura do presidente venezuelano, de certa forma, surpreende e obriga o Planalto a se movimentar.
A reunião com Mauro Vieira e Amorim foi incluída na agenda de Lula nesta quarta-feira (6) e será realizada no início da noite, no Rio de Janeiro. A reunião servirá para que o governo defina qual será o posicionamento do governo brasileiro frente ao crescente tensionamento da crise.
Na terça-feira (5), Maduro divulgou um novo mapa da Venezuela com a incorporação da região de Essequibo, que pertence à Guiana. Além disso, pelas redes sociais, o mandatário anunciou um decreto que cria a “zona de defesa integral Guayana Essequiba (como a região é chamada na Venezuela)” e apresentou à assembleia de deputados um projeto de lei para a criação da província.
Mesmo que uma guerra não esteja no horizonte próximo, o simples acirramento da tensão preocupa o governo brasileiro porque aumentam as chances da instalação de uma base militar dos Estados Unidos dentro do território da Guiana. Para o Brasil, se isso se concretizar, será um fator de desestabilização na região e poderia minar a liderança brasileira na América do Sul.
Segundo auxiliares do Planalto, Lula fará todas as ações possíveis para evitar um conflito e deve fazer telefonemas para Maduro e para o presidente da Guiana, Irfaan Ali, nos próximos dias.
No Itamaraty, a avaliação é que Maduro é muito imprevisível, sobretudo em período eleitoral, e que não é possível fazer projeções a longo prazo, o que obriga um acompanhamento da situação de perto, dia-a-dia.
G1