Foto: Joedson Alves/Agência Brasil
O ex-presidente da EBC, Hélio Doyle (foto), vai continuar a receber o seu salário do funcionalismo público por mais seis meses.
O montante equivale a R$ 34.895,78 por mês.
A decisão é da Comissão de Ética Pública do Planalto e foi divulgada nesta terça-feira, 26 de dezembro.
A medida faz parte da quarentena remunerada, instrumento do funcionalismo público para impedir o vazamento de informação confidencial ao setor privado.
“Preenchi o pedido, encaminhei à comissão e fui comunicado da decisão”, afirmou o ex-presidente da EBC nesta terça.
Demissão
Doyle foi demitido da presidência da EBC em 18 de outubro, após compartilhar em suas redes sociais uma postagem dizendo que os apoiadores de Israel são “idiotas”.
A postagem original era do cartunista esquerdista Carlos Latuff, já incluído pelo Centro Simon Wiesenthal em uma lista dos dez maiores antissemitas do mundo.
“Não precisa ser sionista para apoiar Israel. Ser um idiota é o bastante”, escreveu o cartunista na rede social X, ex-Twitter.
Doyle vinha publicando uma série de posts sobre o conflito, sempre com viés anti-israelense. “Imagina bombardear todo o Rio de Janeiro para punir milicianos e traficantes. É o que Israel está fazendo com a Palestina”, dizia outra mensagem compartilhada por ele no último dia 15.
Em nota divulgada na ocasião, Doyle afirmou que Paulo Pimenta, o ministro-chefe da Secom, “manifestou hoje seu descontentamento por eu ter repostado postagem de terceiro acerca do conflito no Oriente Médio. Disse-me que a referida repostagem e sua repercussão na imprensa criaram constrangimento ao governo”.
Doyle foi substituído por Jean Lima como presidente interino da EBC.
Negacionismo do impeachment
Uma das políticas editoriais mais marcantes da gestão de Doyle foi o negacionismo sobre o impeachment de Dilma Rousseff (PT).
Em 13 de janeiro um artigo na Agência Brasil, que pertence à emissora, afirma que uma das integrantes da nova diretoria, Rita Freire, foi presidente do Conselho Curador, que teria sido “cassado após o golpe de 2016”.
“Se depender de mim, vai continuar falando que foi golpe. Gostem ou não gostem. Agora, a linha editorial da empresa, a gente tem que discutir melhor. Estou falando de caráter pessoal”, disse Doyle em entrevista no início de fevereiro.
“Mas se depender de mim, foi golpe. Não é só o tanque na rua, foram desenvolvidas novas formas de golpe, em que se usa instrumentos jurídicos e parlamentares para afastar um governante eleito legitimamente”, acrescentou.