Desclassificada no último sábado de concorrer à eleição presidencial da Rússia, a ex-jornalista de TV Yekaterina Duntsova entrou com recurso na Suprema Corte nesta terça-feira, 26, para tentar voltar à corrida pelo comando do país.
No sábado, membros da comissão eleitoral centram votaram de forma unânime para rejeitar a candidatura de Duntsova, citando “diversas violações” nos documentos apresentados. A mulher de 40 anos tem posicionamentos opostos ao atual chefe do Kremlin: defende o fim da guerra na Ucrânia, iniciada em fevereiro do ano passado, e a libertação de presos políticos, como o ex-advogado Alexei Navalny.
Embora não seja muito conhecida em todo o país e sua própria campanha acredita ter uma base de poucos milhares em um país de mais de 140 milhões de habitantes, Dunstova diz ser uma injustiça o impedimento de poder concorrer contra o presidente Vladimir Putin, no poder como presidente ou primeiro-ministro há mais de 20 anos.
À agência de notícias Reuters, Duntsova disse que, ao ser impedida de participar da eleição, as autoridades estão impedindo que russos expressem livremente suas preferências políticas.
A comissão eleitoral central afirma que as suas decisões são puramente baseadas em regras e que a sua função é garantir que os possíveis candidatos sigam os procedimentos corretos.
Sem mencionar o nome de Duntsova, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que a Constituição permite que pessoas com ambições políticas concorram à presidência se cumprirem os critérios legais devidos. O Kremlin aponta pesquisas de opinião que dão a Putin, de 71 anos, um índice de aprovação de cerca de 80% e diz que a maioria dos russos apoia o que chama de “operação militar especial” da Rússia na Ucrânia.
Putin lançou sua candidatura presidencial no início deste mês, para permanecer na liderança por mais seis anos. Com Nalvany desaparecido, enquanto cumpre a pena de quase 20 anos de reclusão, e outros opositores presos, não há uma figura de oposição forte e estabelecida para desafiá-lo. Ninguém, a não ser Duntsova, se disponibilizou para a empreitada.
Ainda que alguns de seus apoiadores não adiantem sua vitória, o controle do aparelho político e da mídia fornecem uma bela vantagem. Sondagens independentes mostram que o presidente tem um índice de aprovação superior a 80%, embasada na crença dos cidadãos russos de que Putin restaurou a ordem e parte da influência que o país perdeu durante o caos do colapso da União Soviética.
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