O Brasil lidera o ranking de países com mais homicídios do mundo em números absolutos, segundo o Estudo Global Sobre Homicídios 2023, divulgado nesta sexta-feira (8) pela ONU. O país registrou mais de 45 mil casos em 2021, seguido da Índia, com mais de 41 mil.
Ranking de países com mais homicídios em 2021
- Brasil – 45.562
- Índia – 41.330
- Mexico – 35.700
- Estados Unidos – 22.941
- Mianmar – 15.299
- Colômbia – 13.223
- Rússia – 9.866
- Paquistão – 9.068
- Turquia – 7.578
- Venezuela – 5.444
A taxa global foi de 5,8 a cada 100 mil habitantes em 2021, para um total de 458 mil. Em 81,1% dos casos, as vítimas eram homens. Mais pessoas morreram de homicídios do que em guerras ou por atos terroristas entre 2019 e 2021.
O continente africano foi o mais afetado, com cerca de 176 mil casos, enquanto a região das Américas registrou em torno de 154 mil.
Apesar de ficar em segundo lugar no número absoluto de homicídios, a América continua tendo a maior taxa do mundo – 15 pessoas a cada 100 mil habitantes em 2021, seis vezes mais que a Europa. Oito dos dez países com maiores taxas são da América Latina e Caribe, devido às atividades de facções criminosas, ausência do Estado de Direito e desigualdade social.
Peso do isolamento
Segundo o estudo, a pandemia pode ter influenciado a tendência global de homicídios. Em 2020, houve uma queda no número desses crimes devido ao confinamento. Essa tendência pode ter sido causada pelo fato de que as potenciais vítimas eram limitadas a amigos e familiares que moravam debaixo do mesmo teto. No entanto, os números aumentaram em 2021.
“A longo prazo, pode-se esperar que as repercussões sociais e econômicas negativas dos ´lockdowns´, que podem incluir aumento do estresse e da ansiedade, desemprego ou perda de renda, afetem as tendências de homicídios, criando um ambiente de ‘tensão’ que leva os indivíduos a cometer crimes”, disse o relatório.
Mianmar chama atenção por estar em 5° lugar no ranking de homicídios. O país asiático sofreu um golpe militar em 2021, quando uma junta militar derrubou o governo do presidente eleito Aung San Suu Kyi. A ONU emitiu um relatório em 2022 denunciando a nova administração por cometer assassinatos em massa da população civil.
Os militares de Mianmar disseram que tinham o dever de garantir a paz e a segurança, mas negaram que tenham ocorrido atrocidades e culparam ‘terroristas’ por causarem distúrbios. Em 2017, as autoridades do país usaram a mesma retórica para justificar o genocídio dos Rohingya, uma minoria muçulmana que compõe a maior população apátrida do mundo.
O estudo é feito a cada quatro ou cinco anos pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (UNODC, em inglês). O instituto escolheu 2021 como referência pois é o último ano com dados mundiais completos sobre homicídio.