Apontado como chefe da segurança do bicheiro Rogério Andrade, o policial militar reformado Márcio Araújo de Souza sofreu um atentado na noite desta sexta-feira (15). De acordo com informações da polícia, câmeras de segurança registraram homens armados e de capuz entrando no condomínio onde ele mora, na Ilha de Guaratiba, Zona Oeste do Rio. As imagens mostram que o grupo gritou pelo nome de Márcio e, sem resposta, os criminosos atiraram na fachada da casa dele, que estava acompanhado da mulher e do filho.
O policial e a família se abrigaram dos tiros num dos quartos mais seguro do imóvel. Pelas imagens das câmeras de segurança, ele viu seis homens fortemente armados, em dois veículos uma SUV e um Onix. O chefe da segurança de Rogério Andrade disse à polícia que só saiu do esconderijo depois que os tiros cessaram e os bandidos deixaram o local. Os criminosos fugiram e ninguém ficou ferido, nem mesmo o porteiro, que chegou a ser rendido pelo grupo para invadir o condomínio e chegar à frente do imóvel de Araújo.
Após os disparos, o PM reformado registrou o atentado na 53ª DP (Guaratiba). Ele contou que, antes dos tiros, ouviu um barulho estranho e foi até a central de monitoramento da residência para checar o que era e viu o grupo fortemente armado dentro no seu quintal.
Pelas imagens, é possível ver dois homens armados e com rosto coberto saindo do carro e acenando para outros integrantes do grupo que estavam em outro carro. Eles retornam para o veículo e os dois carros fogem. A polícia informou que a cena aconteceu logo após a invasão ao condomínio.
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Solto e reintegrado à PM
Suspeito de envolvimento no assassinato do bicheiro Fernando Iggnácio, Márcio Araújo de Souza, que é apontado como o principal segurança de Rogério Andrade, estava preso até outubro e foi solto por uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele é acusado de ter contratado os quatro matadores de aluguel que, segundo as investigações, executaram o contraventor em novembro de 2020 . O crime aconteceu em uma empresa de táxi aéreo, no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio, após o Fernando Iggnácio chegar de helicóptero. Pelo menos três tiros de fuzis acertaram sua cabeça.
Uma semana antes de ser solto, no dia 1º de outubro deste ano, Márcio foi reintegrado aos quadros da Polícia Militar. Uma decisão judicial favorável ao sargento obrigou a corporação a reintegrá-lo, além de cessar os efeitos da cassação da aposentadoria do militar, em vigor desde sua expulsão. O sargento havia sido preso no dia 19 de fevereiro de 2021, após se apresentar na Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), depois de ter tido um mandado de prisão expedido em seu nome oito dias antes.
Guerra do bicho
As execuções são comuns no submundo do jogo do bicho. Por trás da guerra travada pelos chefes dessa máfia, está a disputa de um faturamento milionário decorrente da exploração de mais de 40 pontos de jogo do bicho e 10 mil máquinas caça-níqueis, além do controle de uma rede de bingos e cassinos clandestinos na região mais rica da cidade. Em pouco mais de um ano dessa batalha entre dois chefes pelo controle da jogatina, já morreram, segundo levantamento do GLOBO publicado no início deste mês, 13 pessoas. Há ainda cinco baleados em atentados e duas vítimas sequestradas cujo paradeiro é desconhecido. A nova cúpula do jogo já vem provocando, inclusive, mudanças no mapa da contravenção no Rio.
No mês passado, a Globoplay lançou a série documental “Vale o escrito”, que investiga e expõe o submundo do jogo do bicho. A produção conta a história de vários dos grandes personagens do crime e sua estruturação na capital fluminense, entre eles Rogério Andrade.
Fonte: Extra.