As eleições argentinas deste domingo (19), que levaram à definição do libertário Javier Milei como novo presidente do país, a partir do dia 10 de dezembro, movimentaram o mercado internacional.
Nesta segunda-feira (20), o principal fundo de investimento dedicado a ações da Argentina na Bolsa de Valores de Nova York, o ETF (Exchange Traded Fund, do inglês), sofreu forte alta no pré-mercado no dia em que é feriado no país.
Os ADRs, conhecidos como recibos de ações, da estatal de petróleo YPF subiram 18,5%, nesta manhã, enquanto as ações do grupo financeiro Galicia acumularam ganhos de 12,6% e as do Banco Macro, 12,7%.
A vitória de Milei também levou ao aumento do fundo ARGT, que mede o desempenho do mercado de empresas de grande e médio porte com presença global. As ações desse índice subiram 14% nesta manhã.
Segundo a emissora americana Bloomberg, os títulos com vencimento em 2035 e 2041, do mercado de renda fixa, subiram mais de 15%.
Além disso, o peso argentino, que já vem sofrendo baixas nos últimos meses, deve continuar em queda nesta terça-feira (21), quando o mercado retorna as negociações após o feriado.
Neste domingo (19), segundo o portal Infomoney, o peso argentino caiu para cerca de 1.000 por dólar nas bolsas locais de criptomoedas, representando uma queda de 8% em relação ao preço de sexta-feira (17), avaliado em 920 pesos por dólar.
O mesmo fenômeno foi observado nos resultados das primárias, quando o libertário e atual eleito foi o mais votado. À época, a vitória de Milei provocou uma desvalorização de 22% do peso ante o dólar no câmbio oficial.
Na quinta-feira passada, o governo de Alberto Fernández, que apoiou o candidato e atual ministro da Economia, Sergio Massa, decidiu reforçar o controle sobre as atividades das casas de câmbio na Argentina, numa tentativa de conter o aumento do dólar no país, ato semelhante ao que foi visto antes do primeiro turno eleitoral, em outubro.
Na sexta, o chamado dólar blue, que representa o dólar paralelo no país, encerrou na casa de 950 pesos.
Dolarização da economia
Uma das propostas de Javier Milei à frente da Casa Rosada é emplacar seu projeto de dolarização da economia argentina, visando a derrubada do peso, que sofre constante desvalorização, nos últimos meses.
No seu livro “O Fim da Inflação: Eliminar o Banco Central, Acabar com o Golpe do Imposto Inflacionário e Voltar a Ser um País Sério”, Milei, que é economista, diz que o processo de dolarização “purista” na Argentina seria realizado em dois anos e meio.
Em seu plano, o libertário sugere estimular a concorrência monetária na Argentina a fim de permitir que os cidadãos escolham livremente o sistema que querem seguir, o peso ou o dólar, até que o Banco Central seja eliminado.
Gazeta do Povo