Ao afirmar durante uma entrevista coletiva há aproximadamente duas semanas que “dificilmente chegaremos à meta zero”, Lula não somente implodiu a política fiscal então adotada pelo seu ministro da Fazenda, Fernando Haddad, como também se viu ainda mais fragilizado pela atual composição do Congresso Nacional.
Ao fazer esse gracejo para a sua base eleitoral, Lula ignorou um fato: ou o governo admite que será obrigado a mudar a meta fiscal de 2024, por meio de uma mensagem modificativa ao Congresso Nacional, ou deixará essa responsabilidade para deputados e senadores. É lei e as duas alternativas são ruins.
Até o momento, o governo federal não fez qualquer menção a mudar o déficit zero na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2024. Deputados e senadores, então, já partem da premissa de que essa responsabilidade será terceirizada ao Congresso Nacional. Lula pode até livrar-se do desgaste popular de uma medida que terá impacto direto no bolso do brasileiro, mas ele ficará totalmente refém tanto de deputados e senadores que não vão arcar, sozinhos, com a verborragia do petista.
Assim, a fatura a ser paga pelo governo Lula vai ficar cada vez mais alta. Na semana passada, foi a presidência da Caixa e ainda estão pendentes cargos na Funasa, Codevasf e FNDE. Mas, até então, Lula não havia implodido seu ministro da Fazenda ou feito qualquer menção ao fim da austeridade fiscal na atual gestão.
Para quem sempre foi conhecido por ser um “animal político”, Lula tem se mostrado um neófito pior que seu antecessor. Ao menos o ex-presidente tinha a justificativa de nunca ter sentado em uma cadeira presidencial. Lula, nem isso.
O Antagonista