Um novo e importante estudo sugere que o medicamento para perda de peso Wegovy reduziu o risco de infarto, acidente vascular cerebral ou morte por problemas cardiovasculares em 20% entre pessoas com sobrepeso ou obesas com doenças cardíacas –um benefício impressionante que pode mudar o tratamento padrão desses pacientes.
Foto: Victoria Klesty/Reuters.
O estudo é o maior e mais longo já feito com semaglutida, a droga principal do Ozempic e do Wegovy; é também o maior ensaio clínico que a Novo Nordisk já conduziu, ao acompanhar mais de 17 mil adultos com 45 anos ou mais durante até cinco anos. A grande maioria era branca, e mais de dois terços eram homens.
“Acabamos de identificar uma nova melhor prática”, disse o doutor Clyde Yancy, chefe da divisão de cardiologia da Northwestern Medicine, que não participou do estudo. Mas a pesquisa também levanta questões sobre como exatamente o medicamento ajuda o coração –através da própria perda de peso ou de outros mecanismos– e se pode ser tão eficaz em um cenário do mundo real, com um grupo de pacientes mais diversificado do que aqueles incluídos no estudo.
Ainda assim, os resultados da pesquisa, apresentados no sábado (11) durante a reunião da American Heart Association na Filadélfia, são um ponto de inflexão para a muito procurada nova classe de medicamentos para obesidade e diabetes, que inclui Ozempic e o recém-aprovado Zepbound.
As empresas farmacêuticas veem um potencial para os medicamentos que vai muito além da obesidade. Provar que eles não só tratam a diabetes e ajudam os pacientes a perder peso, como também podem reduzir o risco de outras doenças graves associadas à obesidade, poderia reforçar ainda mais a demanda –e pressionar as companhias de seguros a cobri-los numa escala mais ampla.
A pesquisa é “um dos ensaios mais esperados dos últimos dez anos”, disse a doutora Yuan Lu, professora assistente de medicina cardiovascular na Escola de Medicina de Yale, que não participou do estudo. Além das estatinas, disse ela, nenhum medicamento reduziu tão drasticamente o risco cardiovascular entre pessoas com doenças cardíacas. “A aceitação desta droga vai disparar nos próximos anos”, afirmou.
A Novo Nordisk, empresa que fabrica o Wegovy e o Ozempic e que financiou o estudo, disse que já entrou com a documentação junto à FDA, a agência regulatora dos Estados Unidos e aos reguladores da União Europeia para atualizar o rótulo do Wegovy para incluir que ele pode reduzir o risco de eventos cardiovasculares em certos pacientes.
Fonte: Folha de São Paulo.