A vitória do ultraliberal Javier Milei para a Presidência da Argentina traz uma situação inédita para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Desde o seu 1º mandato, iniciado em 2003, o petista sempre teve uma composição do Mercosul de ao menos metade dos presidentes identificados como sendo de esquerda. Agora, terá de lidar com 3 líderes de direita. Lula é a exceção.
Nos anos de 2005 a 2008, 3 dos 4 presidentes eram de esquerda. À época, a exceção era Nicanor Duarte, do Paraguai. Nos anos de 2009 e 2010, o petista teve a situação mais confortável de todas no aspecto ideológico. Todos os presidentes se identificavam como sendo de esquerda.
Nos outros anos, era metade de um espectro, metade do outro.
Lula, em seu 3º mandato, tenta se projetar como liderança global. Tentou, sem sucesso, mediar conflitos internacionais como a guerra na Ucrânia e em Israel. Agora, pode ter dificuldade, inclusive, para se projetar como líder regional.
A principal pauta do Mercosul no momento é o acordo de parceria com a União Europeia. Milei já se disse contra. Mas não há clareza sobre como ele vai se comportar à frente da 2ª maior economia do bloco regional, atrás só do Brasil.
Ajuda de Lula
O atual presidente da Argentina, Alberto Fernández, é próximo a Lula. Eles tiveram uma série de encontros desde que o petista voltou ao poder.
A principal demanda de Buenos Aires era auxílio para a Argentina importar itens básicos, sobretudo alimentos, já que o país tem poucas reservas de dólar e não tinha como dar garantia de pagamentos a outras economias.
Recentemente, por exemplo, a Bolívia e o Paraguai suspenderam a venda de bananas aos argentinos devido ao não pagamento.
A Argentina vive uma crise econômica. A inflação está em 148% ao ano, o Banco Central do país está com baixa reserva de dólares e o dólar paralelo bate recordes frequentes.
Como medida de contenção, o governo local tem tentado segurar dólares limitando o acesso da empresas ao mercado de câmbio, o que acaba travando as importações. A decisão já causou outros problemas na economia local, como a falta de gasolina.
Atualmente, para poder importar, as empresas do país precisam registrar as operações no Sira (Sistema de Importações da República Argentina). A partir disso, o governo analisa se aprova ou não a liberação de dólares para o pagamento das importações.
Poder 360