De saída do PDT após travar uma disputa interna com o irmão Ciro Gomes, o senador Cid Gomes (CE) enfrenta entraves para se filiar ao PT, sigla tida como o seu destino preferido. Enquanto o ministro da Educação, o petista Camilo Santana, fez um aceno público a ele, dirigentes e filiados estaduais da legenda afirmam que não há espaço para acomodar todos os aliados do parlamentar.
— Não temos como comportar todo o grupo. São 43 prefeitos e 15 deputados, isso tem repercussão em situações locais. Algumas (lideranças) têm alinhamento, não é dificuldade, mas outras têm contenciosos políticos com lideranças que estão no grupo do senador, então não é uma equação simples, talvez aí seja o gargalo — disse o presidente do PT no Ceará, Antônio Filho, em entrevista ao jornal “Diário do Nordeste”.
Dirigentes nacionais do partido afirmam que a decisão final cabe ao diretório do Ceará. Ao GLOBO, o líder do governo Lula na Câmara, José Guimarães (PT-CE), afirmou que o assunto está encerrado:
— Não existe possibilidade de filiação. Essa conversa está fora.
Pedetista e também de saída, o deputado federal Eduardo Bismarck afirma que uma filiação ao PT também enfrenta resistência no grupo de Cid:
— Há muita dificuldade porque não contemplaria todo mundo. Temos prefeitos que, apesar de fazerem parte da base de Elmano (de Freitas, governador), estão em lados opostos ao PT nos municípios no que diz respeito às candidaturas do ano que vem.
Favoritismo do Podemos
O destino do grupo será decidido em 4 de dezembro, em uma reunião em Fortaleza. Além do PT, PSB, Podemos e PSB também fizeram convites formais. Na quarta-feira, a ala de Cid se reuniu com os dois últimos partidos, que, neste momento, saem na frente.
Em termos ideológicos, o PSB seria o partido mais alinhado. Em entrevista ao GLOBO, a deputada estadual e irmã mais nova de Cid e Ciro, Lia Gomes, inclusive disse ser sua escolha pessoal.
No entanto, a possibilidade de uma federação com o PDT nas eleições municipais do ano que vem é um empecilho. Assim, o Podemos desponta como favorito. Apesar de não comungar com todos os valores pedetistas, o partido está disposto a receber o grupo e é liderado pelo ex-deputado e prefeito de Aracati, Bismarck Maia. Pai de Eduardo Bismarck, Maia é um antigo aliado de Cid no estado.
Atualmente, os irmãos Ferreira Gomes vivem o maior momento de tensão por discordarem sobre os rumos do PDT no Ceará. O senador defendia que a sigla fosse base do governo Elmano de Freitas, enquanto Ciro considera impensável um apoio ao PT.
Esta divergência começou nas eleições do ano passado, quando o grupo de Cid se opôs ao lançamento da candidatura do ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio, que acabou em terceiro lugar na disputa.
Como resultado deste primeiro impasse, a ex-governadora Izolda Cela deixou a sigla, junto a outros dez prefeitos. Um ano depois, a briga permanece a mesma: Ciro se recusa a estar junto com o PT, o que Cid considera essencial por entender que o lulismo garantiria a ascensão do partido.
Fonte: O Globo.