Aproximadamente nove em cada 10 pessoas tomam remédio sem receita médica no Brasil. O número foi revelado pela Pesquisa de Automedicação, do Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico (ICTQ), realizada em 2022.
Ainda que o hábito seja extremamente comum entre os brasileiros, especialistas alertam que a automedicação pode trazer riscos para a saúde e eventualmente até matar.
Apesar de parecer uma solução simples e eficaz, tomar remédios por própria conta pode complicar o tratamento de casos inicialmente simples e mascarar doenças mais graves que exigem um diagnóstico médico a partir de seus sintomas.
Segundo o neurocirurgião Guilherme Rossoni, tomar remédio sem receita pode também matar. “A automedicação é algo extremamente perigoso e até mesmo fatal. Isso porque, além de consequências como intoxicação e ineficácia no tratamento correto, se corre risco de morte”, alerta.
O especialista pede atenção redobrada com os antibióticos, medicamentos necessários para combater infecções. O neurocirurgião destaca que seu uso incorreto pode piorar o quadro do paciente.
Remédios para emagrecer – a sibutramina
Segundo o médico, a maior causa da automedicação é o fácil acesso às pesquisas e compra dos medicamentos. Além, claro, da comodidade do paciente em “resolver sozinho” sem precisar se deslocar até um hospital ou um especialista. O fenômeno é ainda mais comum nos tratamentos para emagrecimento.
A modelo internacional Vivi Di Domenico é um exemplo disso. No começo da carreira, ela conta que cedeu à pressão estética e recorreu a medicamentos sem prescrição médica, colocando sua saúde em risco. Ao ganhar peso após uma viagem de trabalho, a modelo recorreu ao uso da sibutramina sem a devida prescrição médica.
O cloridrato de sibutramina monoidratado é um medicamento de uso oral indicado para o tratamento da obesidade, como parte de um programa de gerenciamento de peso. Ele deve ser utilizado apenas sob orientação médica, como indica a bula.
Vale destacar que o remédio é contraindicado para tabagistas; pacientes com índice de massa corpórea (IMC) menor que 30 kg/m2; com histórico de transtornos alimentares; em tratamento medicamentoso para perda de peso e/ou transtornos psiquiátricos; e ainda para pacientes com uma série de doenças crônicas, como diabetes e hipertensão.
Dentre os efeitos colaterais, o paciente pode sentir constipação (redução da frequência de evacuações), boca seca, insônia, taquicardia, palpitações, aumento da pressão arterial, náuseas e delírios ou tonturas, dentre outros sintomas.
Pressões do mundo da moda
Hoje o modelo destaca a importância de repensar os padrões estéticos impostos pela indústria da moda e encoraja outros profissionais a priorizarem a saúde em detrimento de pressões não saudáveis.
Vivi Di Domenico compartilha sua experiência como uma chamada de atenção para a necessidade de um diálogo aberto sobre saúde mental e física dentro do mundo da moda, visando uma abordagem mais consciente e responsável em relação ao bem-estar dos profissionais da área.
Créditos: Saúde em dia.