O deputado Eduardo Bolsonaro (PL) protocolou na Câmara dos Deputados um requerimento de convocação do presidente do BNDES, Aloizio Mercadante. O parlamentar quer explicações do petista sobre conversas com Saulo Moura da Cunha quando este chefiava a Agência Brasileira de Inteligência.
Saulo agradeceu a Mercadante pela indicação à Abin e, a um interlocutor, disse que o presidente do BNDES lhe “pediu cargos”. Procurado, o petista negou qualquer interferência na agência de inteligência.
Em requerimentos protocolados nas comissões de Segurança Pública e Fiscalização Financeira e Controle da Câmara, Eduardo Bolsonaro pede as convocações de ambos “para esclarecer conversas vazadas pelo aplicativo whatsapp, bem como para explicar o suposto apoio dado à nomeação de Saulo Moura da Cunha, ex-diretor da Abin”.
De acordo com as conversas às quais a coluna teve acesso, escreveu Mercadante a Saulo, no fatídico 8 de Janeiro:
“Bom dia, Saulo, você estará na posse da [ministra] Anielle Franco ou [do diretor-geral da Polícia Federal] Andrei Rodrigues, queria conversar um pouco”, escreveu o presidente do BNDES.
“Bom dia, ministro. Estarei na posse do Andrei, sim”, respondeu Moura. Dois dias depois, Saulo relatou o encontro a um colega da Abin.
“Encontrei Mercadante agora na posse do Andrei”, contou. “Pediu cargos?”, perguntou o interlocutor. “Sim. E disse que iria falar com o PR [presidente da República]”, escreveu Saulo Moura.
Mercadante foi uma das autoridades próximas ao presidente Lula que defendeu a nomeação de Saulo Moura da Cunha para o comando da Abin. Ele agradeceu pelo apoio em mensagem enviada ao presidente do BNDES no dia 2 de janeiro.
“Caro ministro Mercadante. Aqui é Saulo. Agradeço imensamente o apoio para a minha nomeação na Abin, publicada hoje. Estou à sua inteira disposição aqui na agência”, escreveu o ex-chefe da agência. Mercadante respondeu parabenizando Saulo pelo “grande desafio” que teria pela frente.
Saulo acabou sendo exonerado da direção-geral da Abin em decorrência dos atos do dia 8 de janeiro. Mercadante segue no comando do BNDES. À coluna, ele negou o pedido de cargos.
“Ele não pediu cargos. Pediu indicações para compor um grupo de trabalho para uma análise/diagnóstico do setor, como ocorreu em todas as áreas do governo”, disse a assessoria de Mercadante.
Metrópoles/Paulo Cappelli