A questão das armas “desaparecidas” do Arsenal de Guerra do Exército em São Paulo foi encarada como um dos mais graves acontecimentos dos últimos anos envolvendo o Exército Brasileiro. O Exército, extremamente exposto na mídia por conta dos acontecimentos políticos dos últimos meses, comandado pelo general Tomás Miguel Miné, acabou envolvido em outra grande crise e dessa vez foi apontado como instituição irresponsável no trato com equipamentos de alto poder de fogo, como as metralhadoras .50.
Em entrevista coletiva na tarde desta quarta-feira (1º), o chefe do Estado-Maior do Comando Militar do Sudeste, general Maurício Vieira Gama, responsabilizou parte dos militares que atuavam no Arsenal de São Paulo, em Barueri, no interior paulista, pelo furto de 21 armas do quartel. Dezenove militares foram inicialmente presos como medida disciplinar.
Ao ser ouvido sobre a situação ocorrida, o oficial general disse que: “O fator responsável por esse episódio foram as pessoas que deixaram de fazer o que deveriam fazer. Isso está muito bem diagnosticado. Essas pessoas foram sancionadas disciplinarmente e podem também estar criminalmente envolvidas. E aí o inquérito criminal militar é que chegará a essa conclusão.”
As declarações indicam que o comando local já tem praticamente certo quem são os responsáveis, que inclusive tiveram seus pedidos de prisão preventiva feitos pela autoridade militar. A fala do oficial significa que alguns militares, apesar de não serem cúmplices do crime, possivelmente deixaram de cumprir rotinas e tarefas previamente estabelecidas nos regimentos internos do quartel, como inspeções e verificações nos paióis de munições e armamento, o que acabou facilitando o furto das metralhadoras Browning e posterior retirada de dentro da instituição militar. A falta de vistoria na viatura oficial do comandante do quartel ao passar pelo portão também é uma questão a considerar.
Na semana passada, veículos de imprensa revelaram que um cabo é suspeito de usar um carro oficial do Exército, usado para transporte do então diretor do Arsenal de Guerra para retirar do quartel as 13 metralhadoras antiaéreas calibre .50 e oito metralhadoras calibre 7,62 furtadas. O cabo era o motorista pessoal do tenente-coronel que dirigia a unidade militar.
Revista Sociedade Militar