Uma mulher que nasceu com dois úteros, do Alabama, nos Estados Unidos, está grávida em ambos, de acordo com o canal local WVTM 13. A americana Kelsey Hatcher também nasceu com dois colos de útero e, durante a primavera do hemisfério Norte (no nosso outono), ela e o marido, Caleb, souberam que seriam pais novamente. Ela foi informada de que estava carregando um bebê em cada útero durante sua primeira consulta de ultrassom.
“Eu disse: ‘Bem, há dois deles aí.’ E [meu marido] falou: ‘Você está mentindo’. Eu respondi: ‘Não, não estou’”, contou Kelsey ao WVTM 13. Ela e Caleb já são pais de três filhos – de 7, 4 e 2 anos – e a data prevista para o nascimento dos dois novos membros da família – duas meninas – é ainda neste ano, no dia de Natal. Uma equipe de médicos estará de prontidão para o momento em que ela entrar em trabalho de parto.
Ao canal de TV americano, Kelsey revelou que já faz algum tempo que sabe de sua condição ginecológica e do quão rara ela é, mas estar grávida em ambos os úteros é quase uma maravilha médica. E, exatamente pela raridade, a gestação dela é considerada de alto risco e será tema de um estudo de caso.
Como ocorre o útero duplo?
De acordo com a Mayo Clinic, organização americana sem fins lucrativos da área de serviços médicos e de pesquisas médico-hospitalares, um útero duplo (ou útero didelfo) é uma malformação uterina rara, que está presente desde o nascimento em algumas mulheres. Durante o desenvolvimento de um feto do sexo feminino, o útero começa como dois pequenos tubos. À medida que o bebê se desenvolve na barriga da mãe, os tubos normalmente se unem para criar um órgão maior e oco — formando, assim, o útero. Às vezes, esses tubos não se unem completamente e, em vez disso, cada um se desenvolve como um órgão separado. “Um útero duplo pode ter uma abertura em uma vagina. Essa abertura é chamada de colo do útero. Em outros casos, cada útero possui seu próprio colo do útero”, informa a instituição.
Em entrevista ao canal WVTM 13, a ginecologista e obstetra Shweta Patel, que acompanha o caso de Kelsey, disse que a gravidez dela é “muito, muito rara”. “Os obstetras/ginecologistas passam toda a carreira sem ver nada parecido com isso”, acrescentou a especialista.
O médico Richard Davis, da Universidade do Alabama em Birmingham (UAB), especializado em gestações de alto risco, explicou, também em entrevista ao WVTM 13, que talvez três em cada 1.000 mulheres possam ter colo do útero duplo ou útero duplo. “Então, a probabilidade de você ter um bebê em cada útero é realmente louca”, acrescentou Davis.
À CRESCER, o obstetra Jorge Kuhn (SP) esclareceu que, apesar de o útero didelfo ser raro, é possível, sim, ter uma gravidez bem-sucedida nestes casos. “Tudo depende das características desse problema em cada mulher, se há uma dilatação precoce do colo ou uma insuficiência istmocervical, por exemplo”, afirmou. O acompanhamento médico — até mesmo antes de engravidar — é fundamental para que as mulheres que possuem a condição ou outras alterações do sistema reprodutivo não prejudiquem a própria saúde e a de seus filhos, apontou o especialista.
O parto de Kelsey
Segundo Richard Davis, quando chegar a hora dos bebês nascerem, Kelsey precisará ser monitorada de perto. “Quando ela entrar em trabalho de parto, se entrar, teremos de monitorar cada útero e ver qual deles está se contraindo e se eles estão fazendo quase a mesma coisa ou se são diferentes”, afirmou o especialista.
Os bebês são gêmeos ou simplesmente irmãos?
Shweta também explicou ao canal americano que, como as circunstâncias de Kelsey são tão raras, os especialistas não têm um termo médico oficial para se referir aos dois bebês. “Acho que, do ponto de vista médico, isso é uma coisa tão rara que não temos uma maneira melhor de descrevê-la além de chamá-los de gêmeos”, declarou.
Apesar de Kelsey estar entusiasmada com a chegada de suas duas meninas, ela e Caleb têm certeza de que esta será a última gravidez do casal. “O terceiro era nosso último [filho]. Embora estejamos gratos pelas bênçãos, com certeza agora ‘fecharemos a fábrica’”, destacou.
Fonte: Revista Crescer.