O número de navios autorizados a cruzarem o Canal do Panamá será reduzido nos próximos meses, por causa da seca.
Mais de 3% do comércio mundial passa pelo Canal do Panamá, de quase 110 anos, que depende de água doce para operar suas eclusas — obras de engenharia que permitem que as embarcações subam e desçam rios em locais onde há desníveis como barragens, quedas de água e corredeiras.
Neste ano, pela primeira vez, as autoridades do país diminuíram o número de navios que podem cruzar todos os dias o Canal do Panamá, para três por dia. Esse número é abaixo da média (36).
Outubro foi o mês mais seco na região desde 1950. Isso se deve parcialmente fenômeno El Niño, que aquece o Oceano Pacífico e afeta a temperatura e as chuvas em todo o mundo.
O sistema de reservatórios que abastece o canal também fornece água potável para quase metade da população do país.
Restrições são altamente incomuns neste período do ano
Embora o canal já tenha sofrido secas antes, é incomum que haja restrições durante a estação chuvosa do Panamá — que vai de maio a dezembro.
Em agosto, já havia preocupação com a potencial interrupção do transporte de contentores, causada pela redução nas travessias.
A costa leste dos EUA e países da Ásia, como a China, utilizam frequentemente o Canal do Panamá. Por ali circula diversas mercadorias, desde produtos petrolíferos até peças de veículos e grãos.
Alguns operadores, como os que possuem navios porta-contêineres, são mais propensos a reservar vagas, para cruzar o canal com antecedência.
Quem não tem reservas vai ter de esperar cerca de 2,7 dias para atravessar o canal, segundo dados de autoridades panamenhas. “Isso trará consigo a probabilidade de que os serviços de contêineres comecem a sofrer atrasos que conseguiram evitar anteriormente”, informaram.
Donas de navios disseram que esperariam atrasos de cerca de dois a três dias. Mesmo assim, passar por ali ainda seria mais rápido do que passar pelo concorrente Canal de Suez.
O menor número de travessias ocorre num momento particularmente difícil para o Panamá, que depende dos mais de US$ 4,6 bilhões em receitas que o canal gera todos os anos.
Protestos contra mina de cobre surgem no Panamá
Nas últimas semanas, houve grandes protestos na capital do país, a Cidade do Panamá, contra expansão dos serviços de uma grande mina de cobre.
Essa mina de cobre atualmente representa cerca de 4% do Produto Interno Bruto (PIB) do país.
Depois dos protestos, autoridades do Panamá disseram que realizariam um referendo sobre o cancelamento do contrato da First Quantum Minerals, empresa que opera a mina de cobre.
O Congresso está acelerando a legislação para permitir a votação.
Revista Oeste