A renda da população ainda comprometida com dívidas e os descontos abaixo do esperado pelos consumidores.
Dados mais recentes divulgados no sábado, 25 de novembro, sobre o desempenho da Black Friday 2023, que é a data mais importante para o varejo online no Brasil, confirmam um desempenho fraco nas vendas neste ano. As projeções mais otimistas de associações e empresas de pesquisa não foram alcançadas, estimando um aumento nas vendas entre 4% e 17%.
Durante o período que abrangeu da quinta-feira, 23 de novembro, à meia-noite, até a sexta-feira, 24 de novembro, às 23h59, o comércio eletrônico registrou aproximadamente R$ 3,4 bilhões em vendas, representando uma queda de 15,1% em relação a 2022, ano em que a receita já havia registrado uma redução de dois dígitos.
Essas informações foram fornecidas pela plataforma Hora a Hora, da Confi.Neotrust, uma empresa de inteligência de dados, em parceria com a ClearSale.
Embora não represente a maior queda no faturamento do evento, que ocorre no Brasil há 13 anos, visto que em 2022 a redução variou de 23% a 34% nas vendas online, dependendo da pesquisa utilizada, a diminuição nas vendas em 2023 a partir de uma base já reduzida significa uma redução adicional no montante total de vendas do segmento. Esse resultado é o segundo pior desde o início do evento promocional em 2010.
Vale ressaltar que esses números não levam em consideração as vendas em lojas físicas, que há alguns anos também são incluídas nas estratégias das empresas durante a Black Friday. Alguns varejistas observaram um aumento nas conversões de clientes em vendas, especialmente em lojas de eletrônicos e moda.
A renda da população ainda comprometida com dívidas e os descontos abaixo do esperado pelos consumidores, reflexo de um estoque mais ajustado nas lojas ao longo do ano, podem ter afetado o desempenho geral das vendas na Black Friday deste ano.
Nos últimos anos, as promoções da Black Friday têm sido direcionadas para um menor número de produtos como uma estratégia do varejo para proteger a rentabilidade e reduzir os custos de capital, especialmente após o aumento da taxa Selic, que torna mais caros os estoques parados.
Essa estratégia parece ter impactado a receita, pois houve uma redução no volume de pedidos, totalizando 5,1 milhões, o que representa uma queda de 14,9% em relação ao mesmo período do ano anterior. Além disso, o tíquete médio gasto, que mostrava sinais de recuperação até a quinta-feira, perdeu força.
O gasto médio por compra durante a data da Black Friday atingiu R$ 675,36, o que representa uma estabilidade em relação a 2022, com apenas uma pequena redução de 0,1% em comparação ao ano anterior.
Apesar da queda nas vendas durante a Black Friday, as grandes cadeias líderes de venda provavelmente conquistarão uma fatia maior de mercado devido ao desempenho superior à média. Empresas como o Mercado Livre e o Magazine Luiza registraram crescimento em comparação a 2022. Especialistas sugerem que a diminuição nas vendas pode ter afetado, principalmente, varejistas digitais de menor porte e setores mais dependentes de crédito.
Matheus Manssur, superintendente comercial da ClearSale, observou: “Observamos uma Black Friday mais tímida em comparação ao ano anterior, analisando principalmente o faturamento e o volume de pedidos, ambos apresentaram queda.”
Além disso, Manssur apontou que esses indicadores também influenciaram diretamente na redução das tentativas de fraudes realizadas por golpistas na internet.
No período da Black Friday, foram registradas 18,6 mil tentativas de ações fraudulentas, totalizando aproximadamente R$ 26,6 milhões em valores, o que representa uma redução de 56,4% em comparação com o ano anterior. O valor médio das tentativas de fraude foi de R$ 1.439,47.
As categorias mais impactadas pelas atividades dos golpistas entre quinta e sexta-feira foram:
- Ferramentas (representando 2,7% das tentativas de fraude);
- Passagens aéreas (com 2,5% das tentativas de fraude);
- Brinquedos (com 2% das tentativas de fraude).
Além disso, de acordo com o levantamento da plataforma Hora a Hora, os produtos mais vendidos durante o período da Black Friday foram:
- Eletrodomésticos (que representaram 20,8% do total de vendas);
- Eletrônicos (com 15,1% das vendas);
- Telefonia (com 11,9% das vendas).
Quanto aos meios de pagamento mais utilizados no e-commerce durante a Black Friday, os principais foram:
- Cartão de crédito (com 56,5% das transações);
- Pagamentos via PIX (com 30,3% das transações);
- Boleto bancário (com 8,2% das transações);
- E-wallets, cashback, débito e vales (com 5% das transações).