A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro caminha para a entrega do relatório final do colegiado, prevista para o dia 17 de outubro.
A relatora da comissão, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), tem um esboço do que deve ser apresentado e trabalha para definir os indiciamentos que devem ser feitos a partir da análise dos documentos obtidos e dos depoimentos colhidos ao longo dos últimos cinco meses.
Mesmo com material robusto, alguns depoimentos, considerados importantes para a base governista, não aconteceram, mesmo tendo sido aprovados pela maioria dos parlamentares do colegiado.
É o caso da oitava do general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil do governo de Jair Bolsonaro (PL), que foi candidato a vice-presidente no ano passado. O militar chegou a ter oitiva agendada na comissão, mas foi cancelada pelo deputado Arthur Maia (União Brasil-BA), presidente do colegiado.
Uma reconvocação do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, também foi aprovada, mas não há expectativa de que ele preste novo depoimento.
Já entre os pedidos de convocação que foram protocolados pelos parlamentares, mas que nem sequer foram pautados para votação, estão aqueles que pedem o depoimento dos ex-comandantes das Forças Armadas do governo Bolsonaro: Almir Garnier Santos (Marinha), Marco Antônio Freire Gomes (Exército) e Carlos de Almeida Baptista Júnior (Força Aérea).
A suspeita é que eles teriam participado de uma reunião com o ex-presidente para discutir a possibilidade de uma intervenção militar, o que teria sido relatado por Mauro Cid à Polícia Federal.
A falta de acordo entre a base governista e a oposição travou a possível convocação de representantes da Força Nacional, o que foi tido como prioridade para os parlamentares contrários ao governo Lula.
Arthur Maia disse repetidas vezes que só submeteria requerimentos importantes para a base, como a convocação dos ex-comandantes das Forças Armadas, se fosse acordada a aprovação de tais requerimentos. A base, que tem maioria na comissão, preferiu abrir mão de novos depoentes, que ceder ao pedido de bolsonaristas.
Diante do conflito, o presidente preferiu não colocar mais nada em votação. Uma sessão deliberativa, que estava marcada para a última terça-feira (26) foi adiada para quinta-feira (28), e por fim, foi cancelada.
Também ficaram pendentes de análise o pedido de convocação do próprio Bolsonaro e pedidos de solicitações ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) do Relatório de Inteligência Financeira (RIF) do ex-presidente e da ex-primeira dama Michelle Bolsonaro.
Nomes como do diretor interino da Secretaria Nacional de Segurança Pública, Edson Gondim Silvestre, Filipe Martins, ex-assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência, e Ricardo Cappelli, Secretário Executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública, também foram requisitados, mas não foram pautados pelo presidente da comissão.