A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, elevou o tom contra a embaixada de Israel no Brasil nesta terça (17) ao rebater as afirmações de que o partido não teria legitimidade para falar de direitos humanos ao dizer que o país faz um “genocídio” contra os civis de Gaza. O embaixador israelense, Daniel Zonshine, criticou a resolução da legenda publicada na segunda (16).
Em uma nota publicada no site, Gleisi afirmou que a interpretação da embaixada israelense sobre a resolução é “totalmente falsa e maliciosa”.
O diretório nacional do partido condenou “os ataques inaceitáveis, assassinatos e sequestro de civis, cometidos tanto pelo Hamas quanto pelo Estado de Israel” e faz referência à retaliação de Israel, considerando-a “um genocídio contra a população de Gaza, por meio de um conjunto de crimes de guerra”, incluindo o corte de serviços essenciais como água potável, energia, alimentos, remédios e bombardeios contra civis.
A nota foi divulgada pouco antes da embaixada de Israel emitir sua própria declaração contra o PT. O comunicado do partido alega que, no momento da publicação da nota, pelo menos 500 civis foram mortos em um ataque a um grande hospital em Gaza.
“Todos têm direito a defender seu povo, mas a busca por justiça não se confunde com vingança nem pode se dar por meio da Lei de Talião”, diz o partido.
O PT afirmou que a posição do partido está alinhada com a da porta-voz da ONU para Direitos Humanos, Ravina Shamdasani, que destacou que “não se pode ter uma punição coletiva como resposta aos ataques horríveis [do Hamas]”.
“Afirmar que o PT considera ‘o assassinato bárbaro, a violação e a decapitação de pessoas luta política legitima’, como faz a nota da embaixada, é uma atitude inaceitável por parte de quem tem a responsabilidade de representar no Brasil um país amigo”, disse o partido na nota.
O partido também criticou a embaixada de Israel pelas afirmações sobre a posição do PT, que “ao longo de sua história abriga militantes palestinos, árabes e judeus e defende a coexistência dos Estados de Israel e da Palestina”.
O conflito entre Israel e o Hamas em Gaza tem gerado preocupações internacionais sobre a violência e o impacto humanitário na região.
Desde o início dos ataques, no dia 7, mais de 4,2 mil pessoas morreram, sendo cerca de 2,8 mil palestinos e 1,4 mil israelenses, além de estrangeiros que estavam em Israel no momento dos ataques no dia 7. Entre eles, quatro brasileiros e parentes diretos.
Gazeta do Povo