O Hamas lançou um ataque à população civil de Israel que causou uma mudança na forma como o grupo terrorista é avaliado pelo mundo.
Após cenas de corpos desfilarem pelas ruas, até críticos contumazes de Israel subiram o tom contra o Hamas. Exceto, é claro, a mídia brasileira.
Para a Folha de S.Paulo, o Hamas é composto de “combatentes”, e não de terroristas. Seriam “combatentes” que, ao invés de se focarem no exército inimigo, focam-se em civis — mulheres, idosos e crianças inclusos.
Em vídeos divulgados pelo próprio Hamas, vê-se o sequestro de uma idosa com demência, além do desfile de corpos de mulheres nuas, provavelmente depois de estupros.
O nível de terror do Hamas costuma superar até mesmo o do PCC ou do Comando Vermelho. Seria estranho chamar qualquer afiliado a estas entidades de “combatentes”.
O mesmo jornal, entretanto, refere-se aos presentes na arruaça domingueira na Praça dos Três Poderes, no 8 de janeiro, como “terroristas”. Por mais que os atos de vandalismo sejam condenáveis e seus perpetradores devam ser punidos, que “terror” foi causado na população brasileira — ou mesmo em políticos e burocratas — pelo 8 de janeiro, que só aumentou o poder de polícia do Estado brasileiro?
A Folha de S.Paulo ainda garante a seus leitores que “Bolsonaro, generais e governo do DF estimularam terrorismo”. Até hoje, a inculpação ao ex-presidente — após milhares de buscas e apreensões e quebras de sigilo, inclusive na casa de Bolsonaro — continua sendo uma narrativa dos poderosos, sem nenhuma documentação.
Já os atos terroristas do Hamas, criticados pelo mundo inteiro, como corpos de civis e inocentes sendo destroçados, são tratados de forma mais branda do que vandalismo de bolsonaristas sem vítimas.
O Hamas, que tem prendido famílias em suas casas e tocado fogo nas residências, ganha até um quase carinhoso epíteto de “combatentes” — como se merecessem honra ao mérito por sua bravura.
Para o portal g1, mesmo após a declaração de guerra de Israel, o foco é no “conflito” que “gera onda de violência entre Israel e Palestina”. É preciso informar que Israel não está em guerra com a Palestina, e sim com o Hamas — um grupo terrorista específico.
Usar a mesma palavra para descrever ações militares contra um grupo terrorista famoso pelo uso de hospitais, creches, mulheres, crianças e, claro, israelenses raptados como “escudo humano” e para descrever a violência do Hamas destroçando civis soa, na melhor das hipóteses, um tanto quanto forçado.
Sem muita surpresa, o mesmo g1 fala constantemente nos “terroristas” do 8 de janeiro em Brasília. Por que é mais fácil chamar de “terroristas” pessoas desarmadas e sem vítimas do que o Hamas?
Para quem busca apenas a grande mídia para se informar, os termos causam um efeito hipnótico maior do que as realidades evocadas: pensa-se mesmo que há mais perigo em idosos desesperados, invadindo um prédio vazio, do que em quem sequestra idosos e estupra israelenses.
Seria curioso perguntar também ao Hamas o que acham de práticas seculares comuns entre jornalistas brasileiros.
Revista Oeste