Um projeto desenvolvido por pesquisadores brasileiros utilizando inteligência artificial vem conseguindo reduzir o desperdício de soja durante a colheita do grão em até 60%. A iniciativa já está em fase avançada de testes e pode chegar ao mercado nos próximos anos.
O projeto foi desenvolvido pela Fundação Chapadão e pela startup Smart Agri em conjunto com agricultores.
Segundo Marcos Nascimbem Ferraz, cofundador da Smart Agri –localizada em Piracicaba (SP) – uma parte considerável dos grãos caem das máquinas no momento da colheita. A ideia da empresa foi estudar quais fatores podem diminuir isso, como o momento de maturação do grão, a umidade do ar e regulação das colheitadeiras.
- problema do setor – a soja que cai no chão é dificilmente reaproveitada. E os grãos podem brotar no chão, o que encarece mais a operação de utilização do solo. “Essa perda de colheita faz perder dinheiro tanto quando não está colhendo como há o problema de ter excesso de planta na área”, afirmou Ferraz.
De acordo com Ferraz, a tecnologia desenvolvida por ele permite medir quando está colhendo de forma automatizada, simples e constante. Foram colocadas câmeras na coletora. Elas tiram fotos do solo logo depois da pastagem, a cada 5 metros. E com inteligência artificial identifica a quantidade de grãos caídos no chão. Com isso, fica mais fácil mapear as perdas para fazer a tomada de decisão e regular as máquinas momentaneamente.
O volume de grãos caídos no chão são informados no monitor dos computadores que ficam dentro da colheitadeira. Com isso, o técnico responsável pela máquina vai reajustando o equipamento para diminuir o desperdício. Por exemplo, mudar o posicionamento do corte, o ângulo da máquina, regular a plataforma e a velocidade da colheitadeira –tudo de forma instantâneo.
“Para o gestor da fazenda, é uma informação para ver rápido a perda e ver se está dentro do aceitável. Ou se precisa fazer o ajuste”, disse o diretor técnico do Grupo Matsumoto, Paulo Matsumoto. Ele testou a tecnologia em uma de suas propriedades, em Chapadão do Sul (MS). Segundo ele, atualmente, só as fazendas mais estruturadas conseguem fazer o acompanhamento mais detalhado por causa do alto custo.
O Grupo Matsumoto produz a cada safra e safrinha de grãos em 10.000 hectares. O empresário espera aumentar a produtividade com a tecnologia. Hoje, há perda média de 20% da colheita.
Ferraz disse que o projeto já está validado, mas ainda indisponível para o grande mercado. “Não é um produto em larga escala ainda. É um produto que nós conseguimos implantar. Mas ainda não é um produto que outras pessoas consigam implantar sem o nosso auxílio, que a gente consiga vender, qualquer um consiga usar”. Segundo ele, a ideia é conseguir fazer com que o produto seja simplificado para poder ganhar escala e a empresa poder fornecer a tecnologia em até 2 anos.
Há 2 modelos de negócio avaliado para o produto:
- a venda do equipamento, como as câmeras, por cerca de R$ 30.000. O projeto seria viável economicamente para fazendas acima de 500 hectares;
- comercializar o produto e outras pessoas venderem a gestão de colheita. O prestador de serviços poderá cobrar por hectare atendido.
O projeto conta com o apoio da ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial) e do Ministério da Agricultura. Cerca de 30 plantações passaram por testes até o momento.
A Smart Agri comercializa outras tecnologias, como pulverização localizada. A empresa foi criada por pesquisadores que perceberam a demanda do agro por esse tipo de tecnologia.
Créditos: Poder 360.