O conflito é entre Israel e o Hamas – o grupo terrorista que controla a Faixa de Gaza. Mas há mais envolvidos.
Leila Farsakh, professora de Ciência Política da Universidade de Massachussetts afirma que há questões além da Faixa de Gaza, território palestino sob cerco israelense.
O Hamas sabia que depois dos ataques, a resposta militar israelense seria enorme, com um poder de fogo muito maior. Então, por que o Hamas decidiu atacar Israel? E por que agora?
“Porque Israel está para normalizar relações com Arábia Saudita. E o Hamas está basicamente dizendo: não dá pros países árabes ficarem em paz com Israel enquanto a gente segue preso aqui!”, disse a professora.
Ela ressalta que essa é uma hipóteses por trás do ataque terrorista do Hamas.
O mundo árabe e o mundo muçulmano apoiam a causa palestina. Defendem que palestinos tenham um país próprio. Nos últimos anos, um esforço diplomático mediado pelos Estados Unidos, tem aproximado países árabes de Israel.
Em setembro de 2020, o primeiro acordo foi assinado: Emirados Árabes Unidos e Bahrein estabeleceram relações diplomáticas com Israel.
Três meses depois, foi a vez de Marrocos.
Em fevereiro de 2023, o Sudão reconheceu o estado de Israel e passou a receber ajuda financeira dos Estados Unidos, que retiraram o país africano e de maioria muçulmana da lista de financiadores do terrorismo.
Mas o acordo de maior impacto vinha sendo costurado nos últimos meses: com a Arábia Saudita – principal potência econômica do mundo árabe e um dos maiores produtores de petróleo do planeta.
Semanas atrás, o Ministro das Comunicações de Israel, Shlomo Karhi, postou uma foto na Arábia Saudita fazendo orações de uma festividade judaica.
A aproximação de Israel com os sauditas incomodou palestinos. E mais ainda o Irã – o principal inimigo de Israel e que disputa com Arábia Saudita influência e o domínio do Oriente Médio.
O Irã apoia o Hamas e o também o Hezbollah, grupo extremista e que tem um braço político no Líbano.
Os Estados Unidos não têm provas do envolvimento iraniano, mas a inteligência americana considera o país cúmplice dos ataques terroristas de sábado (7), por ter – durante anos – apoiado o Hamas com treinamento, logística e armas.
O Irã nega participação nos ataques. Estados Unidos apoiam Israel política, militar e financeiramente.
Já as outras duas potências mundiais tentam parecer neutras.
China e Rússia, que reconhecem o Estado Palestino e mantêm relações com Israel, condenaram a violência, mas não diretamente o Hamas.
Segundo Leila Farsakh, a única certeza hoje é que o cenário vai mudar.
“Haverá pressão para negociação e alguma forma de solução. O fim do controle israelense sobre Gaza? Eleições? O envio de tropas internacionais? Não sabemos. Mas sabemos que, assim como na guerra do Yom Kippur, em 1973, a dinâmica na região vai mudar.”, afirma a professora.
Fonte: G1/Jornal Nacional.