As eleições para os conselhos tutelares espalhados ao redor do país neste domingo marcou mais um episódio de polarização entre parlamentares da base de apoio do governo Lula (PT) e os associados a Jair Bolsonaro (PL). Enquanto a população brasileira pode comparecer aos seus colégios eleitorais para votar nos novos representantes, políticos passaram o dia duelando versões sobre a importância das 30,5 mil vagas que estavam sendo disputadas.
Criados no intuito de resguardar os direitos das crianças e jovens previstos no Estatuto da Criança e Adolescente (ECA), os conselhos tutelares e seu processo de escolha nunca haviam sido palco de guerra política anteriormente. Até 2019, data da última eleição, políticos não se engajavam no processo.
Como já havia noticiado o GLOBO, este ano a guerra cultural invadiu este processo e, neste domingo, os parlamentares foram às urnas, ao mesmo tempo que destinaram mensagens para que seu eleitorado fizesse o mesmo.
A esquerda antes se mobilizava em massa para eleições de conselhos tutelares, em um período que essas votações passavam praticamente despercebidas pela maior parte da população. Diante disso, deputados de direita veicularam vídeos em suas redes sociais falando sobre a importância de proteger a família.
— Eu quero incentivar você até às 17h. O voto é facultativo, mas é um assunto tão importante que quer dizer a luta pelos direitos das nossas crianças e adolescentes. Você pai, mãe, avô, tem o dever de procurar um candidato conservador que lute pelos nossos valores. Tem uma turma que quer dizer que criança não nasce menino, nem menina, que é criança de qualquer jeito. Defende tudo que vai contra os valores da família — disse Sóstenes Cavalcante (PL-RJ).
Mensagens como essa também foram compartilhadas por Gustavo Gayer (PL-GO), Carla Zambelli (PL-SP), Coronel Fernanda (PL-MT) e Antônia Lúcia (Republicanos-AC) . “A esquerda vem, na última década, dominando os Conselhos Tutelares. Vamos fazer nossa parte pelas nossas crianças”, escreveu Zambelli no X (antigo Twitter).
Diante da reação da oposição, a base governista reagiu e também deu vasão ao tema ao longo do dia. Políticos como Eduardo Suplicy (PT-SP), Camila Jara (PT-MS) e a senadora Teresa Leitão (PT-PE) registraram seus votos nas redes sociais e apelaram aos seus apoiadores para que não deixasse que a direita ocupasse os postos.
— É importante que a população identifique as pessoas comprometidas com o ECA, que é uma lei avançada que protege as nossas crianças e adolescentes para, cada vez mais, formar uma rede de proteção — disse Teresa Leitão.
Com informações: O Globo.