O derretimento das camadas de gelo da Antártida é uma das maiores preocupações relacionadas ao aquecimento global, porque isso colocaria em risco populações vivendo em regiões costeiras em todo o mundo. No entanto, de acordo com um estudo publicado nesta segunda-feira, 23, esse processo já está ocorrendo num ritmo acelerado e pode ser irreversível na região ocidental do continente.
“Nós consideramos o pior cenário, de alta emissão de combustíveis fósseis, mas também consideramos o melhor cenário, de cumprimento do acordo de Paris”, afirmou a autora do artigo publicado no periódico científico Nature Climate Change, Kaitlin Naughten, em coletiva de imprensa. “Infelizmente, a notícia não é boa – a nossa simulação sugeriu que já estamos fadados a um aumento no aquecimento do oceano e no derretimento do gelo até o fim deste século.”
O estudo foi feito utilizando um modelo computacional que simula a interação entre o continente e o oceano. O que a investigação mostrou foi que até no melhor cenário, em que o aquecimento global é restrito à 1,5ºC em comparação ao período pré-industrial, o ritmo de derretimento será três vezes maior do que a média do século XX.
“O impacto da subida do nível do mar na costa não é apenas um aumento lento da água que bate na costa – aumenta a frequência de inundações costeiras quando ocorrem tempestades”, diz em nota o pesquisador adjunto do Centro de Pesquisas em Mudanças Climáticas da Universidade UNSW, na Austrália, Tom Mortlock. “Embora a investigação tenha sido realizada utilizando apenas um único modelo, ela destaca a urgência com que precisamos de compreender melhor os cenários de subida de grande magnitude no nível do mar.”
Embora um aumento no nível dos oceanos possa ser inevitável, as medidas de mitigação podem ser úteis. Respeitar os pactos já estabelecidos pode diminuir o ritmo de derretimento e o trabalho, por enquanto, trata apenas da região ocidental do continente atlântico. A região oriental, que guarda uma porção maior de gelo, por enquanto se mantém estável e banhada por rios mais frios, o que a mantém protegida. Manter isso como está será essencial para mitigar os impactos mais extremos das mudanças climáticas.