Shahed al-Banna, de 18 anos, diz ter deixado local com outros familiares, mas perigo permanece: “estamos na casa da minha tia agora, e eles ligaram dizendo que vão atacar uma casa bem aqui ao lado”
A brasileira Shahed al-Banna, que vive na Faixa de Gaza, relatou à CNN nesta quarta-feira (11) os momentos de tensão vividos nas últimas horas no local, alvo de ataques de retaliação Israel após os atentados praticados pelo grupo radical islâmico Hamas, no sábado (7).
Aos 18 anos, Shahed al-Banna vive em Al-Zaytoon, distrito localizado em Gaza, no território palestino. A jovem brasileira ainda não sabe quando e se conseguirá deixar a região.
“Os israelenses ligaram para a minha avó para dizer para ela que a gente tem que esvaziar a casa, porque eles vão atacar ela. Ou hoje, ou amanhã, a gente não sabe”, disse ela.
“Faz quatro dias que a gente saiu de casa, só que eles ligaram mesmo assim para confirmar o ataque. Estamos na casa da minha tia, e eles ligaram para o marido da minha tia agora há pouco dizendo que vão atacar uma casa bem aqui ao lado da casa dela, onde estamos agora”, relatou a jovem.
Shahed também descreveu, em mensagens enviadas à CNN, a situação dentro da casa onde ela está. “A casa está cheia de cheiro de pólvora. É difícil respirar”, afirmou.
A brasileira também contou que está tentando retornar ao Brasil. Disse ter a certeza de que o governo brasileiro “está fazendo de tudo” para negociar uma saída por terra, pela fronteira com o Egito.
De acordo com o Itamaraty, a ideia é que os brasileiros que estão na Faixa de Gaza deixem a região pelo “checkpoint” de Rafah, a única divisa de Gaza com outro país além de Israel.
A brasileira, no entanto, relatou que está “complicado e perigoso” se deslocar para o local indicado pelo governo do Brasil para a travessia. Segundo a jovem, Israel também está atacando o local próximo ao Egito.
Shahed está em uma casa com sua avó, sua irmã e com outras 18 pessoas. O lugar, de acordo com a brasileira, não é seguro. Para piorar, o número de pessoas no imóvel deve aumentar durante esta quarta-feira, já que a quantidade de pessoas pedindo ajuda e abrigo não para de crescer.
“Tem aqui mais de 20 pessoas, e a maioria é mulheres e crianças. Todos são inocentes, que não tem culpa. Não temos tempo suficiente para sair porque temos medo de ser feridos, então a gente vai ficar aqui até acabar o ataque”, relata.
O diálogo, que ocorreu por meio de um aplicativo mensagens de texto, precisou ser interrompido em determinado momento porque o sinal de internet era instável e Shahed estava com pouca carga no celular. Ela não sabe quando poderá carregá-lo novamente.
“Meu celular está quase desligando. Faz três dias que estamos sem luz”, concluiu.
Algumas horas depois, a brasileira informou que a energia tinha sido reestabelecida, mas que a internet continuava instável.