Israel tem um território pequeno: são 20.770 km² de extensão, área pouco menor do que o estado de Sergipe. Mas o seu tamanho não é proporcional ao peso militar do país, uma nação que sempre se destacou no setor de defesa. É esse poder que está sendo empregado nos ataques terrestres iniciados hoje.
Algumas medidas de proteção fazem parte do cotidiano da população, exemplo do serviço militar obrigatório para homens (3 anos) e mulheres (2 anos) . Todos têm que prestar serviço para as forças aérea, terrestre ou naval. São cerca de 170 mil militares ativos, no entanto, o número pode ser multiplicado algumas vezes se necessário.
As Forças de Defesa foram criadas pelo primeiro-ministro Ben-Gurion no primeiro ano de existência de Israel, unindo grupos paramilitares que defendiam o território de ocupação, tendo sido aperfeiçoadas ao longo de conflitos, exemplos da Crise do Canal de Suez (1967), Guerra do Yom Kippur (1973), Líbano (1983) e Gaza (2008).
Tudo é acompanhado pelo peso do desenvolvimento militar. O país se vale de muitos armamentos de ponta em todos os braços das Forças de Defesa de Israel. Alguns são supridos por outras nações, exemplo principal dos Estados Unidos , mas há a maioria é feita por companhias israelenses, verdadeiras gigantes do setor.
Causou perplexidade a falha parcial do “Domo de Ferro” , sistema de interceptação de mísseis apregoado como super eficaz pelo governo israelense, mas que não foi capaz de “blindar” o país do ataque de mísseis feito pelo Hamas a partir de sábado (07). Segundo especialistas, ele deveria ser capaz de conter 90% dos disparos.
O conceito de guerra assimétrica – em que um país bem mais armado ataca uma força não tão forte quanto – vai ser um desafio para o Hamas, força que governa a faixa de Gaza, e outros grupos, uma vez que eles contam, em sua maioria, com armas soviéticas e outros itens não tão sofisticados quanto Israel, mas que são capazes de infligir baixas numerosas. O Hezbollah afirmou que está pronto para contribuir nos ataques contra os israelenses e afirmou ter atacado quatro localidades em resposta ao ataques no Líbano , o que gerou uma ofensiva retaliativa no sul daquele país ). Até o momento, o conflito já matou mais de três mil pessoas.
O grande horror é a morte de civis e de reféns. A ONU pediu para Israel evitar uma “catástrofe humanitária” com o conflito . A crise já levou mais de 400 mil palestinos a abandonar Gaza, de acordo com a ONU . Sem ter a quantidade de abrigos antiaéreos de Israel, a faixa tem sido atacada com mísseis e outras armas. O relato de um brasileiro conta como está sendo a vida sob ataques constantes na região , enquanto um grupo afirma que tem medo de usarem saída de Gaza sem corredor humanitário.
Além disso, Israel é acusado de usar fósforo branco em suas investidas, arma química proibida pela convenção de Genebra , que pode ser usado em ataques ou até para acobertar o avanço das tropas, causando queimaduras e outros danos . Denunciado por ONGs, o país nega o uso , mas já admitiu ter usado a substância química contra Gaza em 2008 e 2009, negando ter violado o direito internacional, afirmando que, na época, os alvos não foram regiões povoadas por civis.
Vale reforçar que o texto é sobre os aspectos técnicos das Forças israelenses , sem posicionamento político.
Conheça os principais armamentos que podem ser utilizados por Israel na invasão de Gaza e na defesa das fronteiras Leste e Norte.
Força Aérea
Responsável por atacar posições em Gaza com mais de seis mil bombas desde o início do conflito, atualmente, o braço aéreo se destaca pelos caças de origem americana, mas já utilizou muitos projetos locais. O que mais se destacou foi o IAI Kfir, um projeto adaptado do Dassault Mirage 5 francês – chegou a ser exportado para nações estrangeiras, tais como Argentina, Colômbia e Estado Unidos, só para citar alguns exemplos.
Da mesma maneira que muitas outras armas, alguns aviões foram feitos por Israel como uma maneira de fugir dos embargos sofridos pelo país por razões, em geral, resultantes de ações militares. Não são raros os casos em que a espionagem industrial foi a saída.
Nem sempre foi necessário recorrer a isso, acordos formais de suprimento de armamentos também foram fechados. A aliança militar com os Estados Unidos é a mais estável que o país do Oriente Médio teve nas últimas décadas . Foi o próprio desempenho da força aérea de Israel na Guerra dos Seis Dias, de 1967, que convenceu o governo norte-americano a vender os caças McDonnell Douglas F-4 Phantom para a nação. Formalizado no ano seguinte, o acordo foi a primeira venda direta de armas militares entre os EUA e o país.
No caso dos atuais caças americanos, eles podem ser usados em múltiplos tipos de missões, não ficando restritos aos papéis de garantir a superioridade aérea ou ataques ao solo.
Os primeiros são duas versões do McDonnell Douglas F-15: Eagle e Strike Eagle , configurações veteranas – a primeira foi lançada em 1972 -, mas que ainda são plataformas mais do que competentes, até porque foram aperfeiçoadas ao longo do tempo. Entre suas capacidades, estão a habilidade de voar a mais de 2,5 vezes a velocidade do som – o equivalente a mais de 2.600 km/h – e levar variados tipos de bombas e mísseis. Ambos abateram dezenas de aviões em conflitos, incluindo os Mig-21, um modelo soviético – a União Soviética foi a maior patrocinadora de equipamentos para os outros lados . A nação tem mais de 100 aeronaves F-15. O projeto é tão bem-sucedido que foi atualizado, a despeito do seu sucessor, o caríssimo Lockheed Martin/Boeing F-22 Raptor , já ter sido introduzido há muito tempo. Israel já teria encomendado o F-15 EX, sua versão atualizada.
O General Dynamics/Lockheed Martin F-16 Fighting Falcon é outro veterano, tendo sido lançado em 1974. O caça multimissão já participou de várias campanhas, incluindo a Operação Opera, ação que bombardeou uma usina nuclear que Saddam Hussein estava construindo no Iraque em 1981. Ataques preventivos ou dissuasivos fazem parte do histórico de batalhas de Israel. A sua velocidade máxima é de 2.178 km/h, cerca de duas vezes a velocidade do som. Israel tem 175 F-16 C, variante mais moderna do que a original, de longe o seu caça mais comum . É importante lembrar que estão em serviço versões mais modernas de todas essas aeronaves, a indicação da data inicial de lançamento não é uma sentença de obsolescência.
Já o terceiro é o polêmico Lockheed Martin F-35 Lightning II, projeto que teve problemas com atrasos e custos exorbitantes – ao longo da vida útil dele, os EUA terão que gastar US$ 1,5 trilhão com o número de aeronaves adquiridas, manutenção, desenvolvimento, entre outros gastos, o equivalente a R$ 7,6 trilhão.
Embora seja um produto de exportação muito mais caro do que a média, o F-35 não foi um mau negócio para Israel, que fechou a compra logo em 2010, o primeiro país estrangeiro adquirir o caça multimissão, fechando 75 unidades. Cerca de 40 já foram entregues.
O avião tem três opções: convencional, de decolagem vertical e para pouso e decolagem em porta-aviões, sendo que apenas a primeira foi comprada por Israel. O país se destacou por ter a opção de personalizar os seus modelos, algo incomum, pois os EUA não costumam abrir muito a tecnologia dos seus projetos militares de exportação , tampouco incentivam ou permitem equipamentos desenvolvidos pelos compradores. Por sua vez, o país norte-americano também cobra algumas ações da defesa israelense, entre elas, a restrição de exportação de algumas tecnologias militares para a China, para citar um exemplo.
A grande vantagem do F-35 nem é tanto a sua velocidade, uma vez que ele atinge 1,6 vez a velocidade do som (1.960 km/h), menos do que o F-15 ou F-16. No entanto, o ele tem algo que os companheiros mais antigos não têm: é quase que “invisível” aos radares, o que permite a infiltração em regiões guardadas por defesas antiaéreas e aeronaves . Não foi por acaso que a sua primeira missão oficial foi ir de Tel Aviv (capital de Israel) até Tehran (capital do Irã) e voltar. Ninguém das Forças Armadas iranianas sequer soube que os três aviões passaram por lá, informou o jornal kuwaitiano Al Jarida. Como resultado, o líder Ali Khamenei demitiu o chefe da sua força aérea, além de outros militares. Ser furtivo será uma vantagem contra sistemas capazes de derrubar aeronaves, armas que os inimigos têm em áreas como Cisjordânia e Líbano.
A última aeronave de ataque que deve ser destacada não é um avião: o AH-64 Apache, que foi desenvolvido pela Hughes, mas que, agora, é feito pela Boeing . O helicóptero é um velho conhecido de várias operações nos desertos do Oriente Médio. Não é por acaso que o país tem quase 50 unidades do tipo. Embora sejam mais lentos que aviões, os helicópteros têm total vantagem em grandes centros e regiões mais populosas. Não por acaso, os Apaches são usados em múltiplos ataques do tipo, sendo temidos pela população local. E também são eficientes no enfrentamento contra tanques, posições de artilharia e apoio aos grupos de infantaria.
Vale ressaltar que boa parte dos equipamentos eletrônicos e armas usadas pelas aeronaves ou seus sistemas são produzidos por empresas do país. A gigante IAI (Israel Aerospace Industry) é a principal delas , sendo responsável pelo projeto de aviões – incluindo não tripulados -, mísseis, embarcações, armas leves, satélites espiões, vigilância eletrônica, entre muitos outros. De propriedade do governo, a organização emprega dezenas de milhares de pessoas e se destaca pela fabricação própria de muitos armamentos.
Estima-se que Israel seja o décimo maior exportador de armamentos militares do mundo . Além disso, o país tem armas nucleares. Embora o seu programa seja cercado de sigilo, o número delas pode ser superior a mais do que algumas dezenas.
Forças terrestres
O exército israelense é onde, talvez, os equipamentos locais mais se sobressaiam, a começar por armas de mão. Se no início do país os armamentos eram estrangeiros, não tardou para começaram a ser projetados e produzidos localmente. Um símbolo famigerado do período é a submetralhadora Uzi, um projeto simples, mas que se tornou um sucesso de exportação . Curiosamente, muitas armas apreendidas de forças militares árabes foram reaproveitadas, uma vez que a confiabilidade delas pesou na decisão.
Se utilizava tanques estrangeiros antigos na época de criação do Estado de Israel, datado de 1948, período da primeira guerra israelense-árabe, o país passou a desenvolver seus modelos não muito tempo depois. Mas ainda há espaço para centenas de equipamentos estrangeiros, como é o caso dos americanos FMC M113 (de transporte). E também aqui pode ser vista a adaptação de projetos soviéticos, exemplo do IDF Achzarit, baseado sobre os T-54/T-55 capturados, ou ingleses, especialmente, o Centurion.
Vamos aos veículos feitos e projetados no próprio país. A série de tanques Merkava é a mais famosa . Incorporados ao serviço em 1979, o primeiro modelo passou por várias evoluções. As últimas são de quarta geração, o que inclui cerca de 400 unidades, com entrada em serviço iniciada em 2004. Eles são classificados como MBT (Main Battle Tank), os chamados tanques de batalha – ou carros de combate, como os militares costumam chamar. Porém, ao contrário da maioria dos veículos desta classe, ele é capaz de levar seis soldados na parte traseira, algo incomum.
Além de canhões e metralhadoras, alguns vêm equipados com o chamado sistema Trophy, equipamento capaz de destruir projéteis antes deles atingirem a pesada blindagem, diminuindo o poder destrutivo e garantindo a sobrevivência do veículo. De tão eficaz, a tecnologia é um sucesso no mercado de exportação, tendo sido adotada pelos alemães e americanos, afora outros.
Vale lembrar que mais de 800 MBTs estão em estoque e podem ser colocados em serviço novamente – a rapidez dessa reativação vai depender do grau de prontidão e conservação de cada um.
O chassi do Merkava serviu de base para o Namer , veículo blindado de transporte de tropas que se destaca por poder levar nove soldados e também por ter a blindagem mais pesada do mundo, garantindo a sobrevivência da infantaria e da sua tripulação. A entrada em ação data de 2008 e, atualmente, cerca de 120 estão em serviço, mas o total da encomenda será de mais de 500 unidades. O seu objetivo é substituir os datados M113 americanos.
Quanto às armas de mão, Israel se vale de uma variada lista de opções. Os fuzis de assalto se tornaram a via de regra para várias forças militares ao redor do mundo, uma vez que são precisos, relativamente leves e potentes. Não é diferente por lá, onde os fuzis da série Tavor são as armas mais comuns. Desde 2009, a versão IWI X95 é o padrão das forças terrestres, sendo complementada por outras feitas no país e também em projetos norte-americanos . Há espaço ainda para outros armamentos, exemplos dos fuzis de precisão, metralhadoras leves e pesadas e submetralhadoras, a maioria local.
Armas de controle remoto também são utilizadas e podem ser equipadas com metralhadoras, lançadores de mísseis, entre outros, uma posição que não compromete a vida dos militares e tem detecção difícil.
Mísseis antitanque e pessoal fazem parte também não apenas das forças terrestres, como também das aéreas, da mesma maneira de balísticos, esses capazes de atingir alvos a longa distância.
Veículos leves blindados de apoio e ataque serão peças-chave da infiltração em Gaza, carregando militares e portando armas, principalmente, metralhadoras.
Nem falamos ainda das peças de artilharia, cuja capacidade de destruição será aplicada também no conflito, mas sem a capacidade plena de ataques de precisão. Há as móveis, como é o caso do Ground System Division of United Defense M109 (atualmente, faz parte da BAE System), uma das principais artilharias indiretas (de apoio às tropas). São mais de 600 exemplares.
Forças Navais
Entre seus modelos mais modernos, Israel conta com embarcações menores para o desembarque de tropas e ataques leves. Ainda há embarcações variadas, mas não tão atuais quanto. Das maiores, se destacam as novas corvetas (navio menor do que um destroier) Saár 6 .
Embora sejam baseadas sobre a classe Braunschweig alemã, as quatro corvetas se valem de itens israelenses e conseguem atacar a longas distâncias, além de serem protegidas por um sistema de interceptação de mísseis – o mesmo usado no Domo de Ferro.
Com 19 unidades, o IAI Super Dvora Mk III é um barco patrulha pesado que pode navegar em profundidades de 1,2 metro, o que permite chegar até pontos em que os soldados possam desembarcar, uma capacidade que, possivelmente, será usada na infiltração do litoral de Gaza. Além de mísseis pesados, armas que podem ser usadas em ataque ao solo, ele carrega outros tipos de armamento. Outro destaque é a velocidade máxima de mais de 90 km/h.
A classe Dolphin II de submarinos é a mais recente, se destacando por ter sido projetada em Israel, mas construída na Alemanha. São cinco embarcações em serviço – uma está quase pronta para ser incorporada -, três delas equipadas com sistema de propulsão que dispensa ar e possibilita um tempo submerso por longos períodos, algo que era restrito aos submarinos nucleares. Além disso, o silêncio dificulta a detecção deles. Como outros equipamentos do tipo, o Dolphin tem a capacidade de atacar alvos no solo e mar.
Créditos: Ultimo Segundo.