Os observadores do céu terão neste sábado (14) um grande evento astronômico: o Eclipse Anular do Sol. O Observatório Nacional coordena uma transmissão integrada internacional para a observação do fenômeno.
Neste eclipse, a Lua se alinha entre a Terra e o Sol. Com a Lua um pouco mais distante, o diâmetro aparente está menor do que o Sol, ou seja, a sombra do satélite natural da Terra não cobre totalmente o astro-rei, criando-se, assim, um “anel de fogo” no céu.
A sombra da Lua vai passar por Estados Unidos, México, América Central, Colômbia e Brasil. No território brasileiro, o fenômeno será visível, dependendo das condições climáticas, em cidades do Norte e Nordeste, como Canaã dos Carajás (Pará), Floriano (Piauí), Carnaúba dos Dantas e Natal (Rio Grande do Norte) e João Pessoa (Paraíba).
Ricardo Ogando, astrônomo do Observatório Nacional, conversou com a Radioagência Nacional sobre o eclipse. Ele explicou como será a observação e transmissão.
Adrielen Alves (Radioagência Nacional): Eu queria que você explicasse sobre este sábado, o que vai acontecer? O que é este Eclipse Anular do Sol?
Ricardo Ogando: O Eclipse Solar, que a gente conhece, é simplesmente quando a Lua entra na frente do Sol. A gente tem essa configuração que sempre vai ocorrer na Lua Nova, quando a gente tem Terra, Lua e Sol. E ela acontece de um jeito especial, de modo que a Lua projeta uma sombra na Terra e, à medida que a Lua vai se movendo, e a Terra vai se movendo, essa sombra vai andando na superfície da Terra. Agora, dependendo da configuração da órbita da Terra e da Lua, a Lua vai estar um pouco mais afastada ou um pouco mais perto da Terra. Imagina que você colocou a mão na frente do seu rosto. Quando está bem perto, cobre sua visão, se você se afasta, cobre menos. Então, isso acontece com a Lua também. Às vezes ela está um pouco mais longe na sua órbita, tapa um pouco menos o Sol e aí você tem esse “anel de fogo”, um efeito belíssimo, em que você consegue ver um pouquinho do Sol em torno da Lua. O que é chamado de Eclipse Solar Total, a Lua está um pouquinho mais próxima e tapa totalmente o Sol. Mas neste sábado, 14 de outubro, ele vai ser Anular, então a Lua está um pouquinho mais distante e você vê um “anelzinho de fogo” em torno da Lua. Dependendo do momento exato, você vê um pouquinho mais de Sol de um lado do anel, que parece até um anel de diamante, vamos dizer assim.
Adrielen Alves (Radioagência Nacional): E desta vez a gente pode falar que o Brasil se deu bem? Porque teve Eclipse Solar no ano passado, por exemplo, que a gente não conseguiu ter essa visão tão privilegiada.
Ricardo Ogando: Desta vez o Brasil se deu bem, em especial a parte Norte e Nordeste do país. O Brasil é esse país gigante de dimensões continentais. Você ter um eclipse que cubra do Oiapoque ao Chuí, como se diz, é bem complicado. O eclipse é um fenômeno relativamente raro. Ele ocorre uma vez por ano, mas esta sombra que a Lua projeta na Terra vai ocupar uma região muito restrita da superfície da Terra e vai fazer diferentes caminhos, dependendo dessa configuração da órbita Terra, Lua e Sol. Então, mesmo que tenha eclipse todo ano, e mais raramente ainda você pode ter eclipse até cinco vezes ao ano – só que na última vez que isso aconteceu foi em 1935, e a próxima vai ser em 2206. Ninguém vai estar aqui para testemunhar isso.
Adrielen Alves (Radioagência Nacional): Serão cinco eclipses solares, é isso mesmo?
Ricardo Ogando: Isso! Imagina a festa, cinco eclipses solares num ano. Mas em geral você vai ter um, dois. Só que a região é muito restrita. Há alguns anos teve um megaevento no Chile para observar o Eclipse Solar. Agora a gente vai ter a nossa oportunidade, mas mais na região Norte. Esse eclipse, a sombra da Lua, vai passar por Estados Unidos, México, América Central, Colômbia e Brasil. Só para dar um exemplo de algumas cidades que deve ter gente do Observatório Nacional transmitindo esse eclipse… Por exemplo, Canaã dos Carajás, no sul do Pará. Tem Floriano, no Piauí; Carnaúba dos Dantas, no Rio Grande do Norte, onde vou estar, e também terminando esse show, no extremo leste do Brasil, lá em Natal, no Rio Grande do Norte, e João Pessoa também, em Cabo Branco, dependendo das condições climáticas, vão conseguir também enxergar o eclipse.
Créditos: Portal Toca News.