O Comando Militar do Sudeste liberou, nesta terça-feira (24/10), o último grupo de militares que era mantido aquartelado no Arsenal de Guerra de São Paulo, em Barueri, na região metropolitana, desde a descoberta do furto de 21 metralhadoras no quartel do Exército, há duas semanas.
Entre os liberados estão os sete militares investigados criminalmente por envolvimento no fruto das armas. Nessa segunda-feira (23/10), eles tiveram os sigilos telefônicos, telemáticos e bancários quebrados pela Justiça Militar. Apesar da investigação, eles seguem em liberdade e atuando na instituição. Os nomes dos suspeitos não foram divulgados.
Em nota, o Comando Militar do Sudeste afirmou que a medida ocorre “em razão da evolução das investigações” e que, a partir desta terça-feira, “não existe mais nenhum efetivo aquartelado” e “todos os militares cumprem o expediente normalmente”. Cerca de 40 militares eram mantidos aquartelados até essa segunda-feira.
Segundo o Exército, os sete investigados na esfera criminal podem responder pelos crimes de furto, peculato, receptação, e desaparecimento, consunção ou extravio.
Além deles, outros 20 militares são investigados na esfera administrativa, por suposta negligência no controle do armamento do Arsenal de Guerra. Eles podem ser punidos com advertência, impedimento disciplinar, repreensão, detenção disciplinar e prisão disciplinar por até 30 dias.
Até o momento, 17 das 21 metralhadoras furtadas foram recuperadas pela polícia — oito em uma comunidade na zona oeste do Rio de Janeiro e nove em São Roque, no interior de São Paulo. Ninguém foi preso até o momento. As duas polícias ainda buscam as quatro armas restantes, que são metralhadoras calibre .50, capazes de derrubar aeronaves.
O furto das 13 metralhadoras calibre .50 de oito calibre 7,62, que perfuram veículos blindados, foi revelado pelo Metrópoles. A ação criminosa teria ocorrido entre os dias 5 e 8 de setembro e só foi descoberta no último dia 10/10, durante inspeção no quartel.
Oficiais envolvidos
Em entrevista coletiva concedida nesse domingo (22/10), o general Maurício Vieira Gama (foto em destaque), chefe do Estado-Maior do Sudeste, afirmou que há praças e oficiais na relação de suspeitos que “serão punidos ou por ação ou por inação”.
“Há diversos militares do quartel que, por negligência, deixaram de agir ali na gerência, controle e na fiscalização do material. Todo esse pessoal está sendo julgado administrativamente e pode ser preso disciplinarmente”, disse o general.
Assim que o crime foi descoberto, todo o quartel – cerca de 480 militares – havia sido retido para que o Exército ouvisse depoimentos e reduzisse a quantidade de suspeitos envolvidos no episódio.
Segundo a Polícia Civil, as armas furtadas seriam vendidas para as facções Primeiro Comando da Capital (PCC) e Comando Vermelho (CV), que recusaram o armamento por falta de peças e por causa do estado de conservação das metralhadoras.
Metrópoles