Frustrados com o depoimento do diretor-geral da Abin, integrantes da Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência do Congresso Nacional pretendem convocar outros integrantes do governo Lula para questioná-los sobre o esquema de espionagem ilegal tocado pela agência.
O principal ponto que os parlamentares querem entender é o que levou o Planalto a autorizar, em 2023, a nomeação de Paulo Fortunato como número 3 da Abin. Fortunado foi o chefe do setor de Operações de Inteligência da agência quando a ferramenta de espionagem ilegal foi adquirida pelo órgão.
O passado polêmico do diretor precede a atual gestão de Lula. Como mostrou a coluna, em 2008, no segundo governo Lula, Fortunato chegou a ser afastado de um cargo de direção da Abin após envolvimento da agência em um esquema de escutas ilegais de políticos e ministros do STF.
Na semana passada, o diretor foi um dos alvos dos mandados de busca e apreensão cumpridos pela Polícia Federal para investigar o esquema na Abin. Na casa dele, policiais encontraram 171 mil dólares. No mesmo dia da operação, ele foi afastado da agência pelo STF. Dias depois, o Palácio do Planalto o exonerou de vez da agência.
Frustação
Em depoimento sigiloso à comissão na quarta-feira (25/10), Luiz Fernando Côrrea, atual diretor-geral da Abin, se recusou a dar detalhes do esquema de espionagem, que usava um software de geolocalização. Ele disse, por exemplo, não saber que jornalistas, políticos e ministros do STF foram espionados.
Diante da falta de revelações, parlamentares do colegiado aprovaram um requerimento pedindo acesso à sindicância sobre a espionagem feita pela Abin e passaram a discutir a convocação de outros integrantes do governo para apurar mais detalhes sobre o esquema.
Créditos: Metrópoles.