O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, ainda não fechou uma delação premiada. Interlocutores do militar ouvidos por Oeste informaram que o tenente-coronel está ajudando as investigações, dizendo a verdade, mas sem negociar qualquer acordo.
“A defesa só teve acesso a quatro volumes [dos processos]“, disse uma pessoa próxima a Mauro Cid. “Nem viram tudo ainda. Tem muita coisa sigilosa ainda. Conforme o advogado, se houvesse delação, ninguém estaria sabendo, pois [a investigação] se desdobraria em umas 20 diligências sigilosas, que não é bem assim.”
Desse modo, segundo os interlocutores, a confirmação da colaboração premiada seria apenas uma “especulação”. Na quinta-feira 7, a GloboNews noticiou que o militar havia fechado o acordo com a Polícia Federal.
Conforme a emissora, o Ministério Público Federal (MPF) ainda precisaria se manifestar para explicar quais seriam as condições para firmar o acordo. Além disso, o Supremo Tribunal Federal (STF) precisa dar o aval para que a delação passe a valer.
Segundo o jornal O Estado de São Paulo, na quarta-feira 6, Cid esteve no gabinete do ministro Alexandre de Moraes, do STF, para uma audiência.
Ainda que o MPF se manifeste contrário à delação, a PF tem autonomia para dar andamento no processo, conforme o entendimento do STF em 2018. Nas últimas semanas, Cid prestou depoimentos à PF — alguns que duraram, até mesmo, seis horas.
Mauro Cid: confissão versusdelação
Uma delação implica no envolvimento de mais pessoas no caso. Desse modo, o tenente-coronel deveria delatar terceiros e indicar as provas para a polícia. Em troca, ele teria alguns benefícios, como a diminuição da pena. Para que esse processo tenha sucesso, Cid teria que provar tudo o que delatou, indicando os caminhos para os investigadores.
Já a confissão — o “falar a verdade” como os interlocutores mencionam — envolve apenas as questões relacionadas a Cid. Nesse caso, ele também pode ter a pena reduzida.
O ex-ajudante de ordens é investigado em diversas operações da PF. Entre elas, uma que apura a suposta venda ilegal de joias e de outros objetos do acervo da Presidência da República na gestão Bolsonaro.
Logo depois de assumir o caso, o advogado de Mauro Cid, Cezar Bitencourt, indicou uma mudança na estratégia da defesa, referente a uma culpabilização de Bolsonaro no caso das joias e uma possível delação. Depois, no entanto, o criminalista apresentou versões confusas sobre o caso.