Uma equipe liderada pelo astrofísico Abraham Loeb, da Universidade de Harvard, confirmou que os fragmentos de um meteorito encontrado no Oceano Pacífico em 2014 são de origem externa ao sistema solar. A análise, que ainda precisa ser validada por revisões independentes, foi apresentada na terça-feira (29/08) no website de pré-publicações arXiv.org.
O bólido, denominado IM1, tinha cerca de um metro de diâmetro e caiu perto de Papua-Nova Guiné. Embora não fosse possível identificar sua origem, Loeb advertiu que ele apresentava características inusuais, como uma composição química sem precedentes na literatura científica.
Em março de 2022, o Comando Espacial dos Estados Unidos da NASA confirmou oficialmente que o IM1 fora o primeiro objeto interestelar a chegar à Terra.
Para determinar a origem do meteorito, Loeb e sua equipe realizaram uma expedição ao local da queda, a dois quilômetros de profundidade no oceano. Utilizando diferentes tipos de ímãs, eles coletaram cerca de 700 esferas de material de 0,05 a 1,3 milímetro de diâmetro, resultantes do impacto do meteorito.
A análise preliminar de 57 dessas esférulas revelou que elas contêm quantidades de berílio (Be), lantânio (La) e urânio (U) centenas de vezes superiores às encontradas no sistema solar.
“Esse padrão de abundância BeLaU é potencialmente explicável se o IM1 se originou da crosta altamente diferenciada de um exoplaneta com um núcleo de ferro e um oceano de magma”, explicou a coautora Stein Jacobsen, em comunicado expedido pela Universidade de Harvard.
Os pesquisadores calculam que, antes de penetrar no sistema solar, o meteorito se deslocava a uma velocidade de 60 quilômetros por segundo em relação ao sistema local de repouso da Via Láctea. Ainda assim, o fato de o objeto ter mantido sua integridade a uma velocidade de impacto de 45 quilômetros por segundo sugere que ele se compõe de materiais extremamente resistentes.
Apesar de não dispor de provas que confirmem essa hipótese, Loeb sustenta que o IM1 poderia ter origem artificial. “Encontrar a primeira e a segunda formiga numa cozinha é alarmante, pois implica que há muitas outras por aí afora. Uma taxa de detecção de uma vez por década para objetos interestelares de um metro implica que, em qualquer momento dado, há alguns milhões deles na órbita terrestre em torno do Sol. Alguns podem representar lixo espacial tecnológico de outras civilizações.”
As descobertas da equipe de Loeb são significativas, pois fornecem novas evidências de que objetos interestelares podem chegar à Terra. Elas também abrem novas possibilidades para a pesquisa de vida extraterrestre.
(av/md (DW,ots)