Dias após o Palácio do Planalto enviar ao Congresso a proposta orçamentária de 2024 sem previsão de reajuste a servidores, o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, defendeu que militares passem a ser contemplados quando houver correção salarial ao funcionalismo público. Neste ano, foi aprovado aumento de 9% aos servidores da União, válido a partir de junho. A declaração foi dada em entrevista ao podcast 2+1, apresentado pelos colunistas do GLOBO e da CBN Vera Magalhães e Carlos Andreazza, que vai ao ar hoje.
Na entrevista, Múcio também se disse favorável a que integrantes das Forças Armadas sejam transferidos para a reserva antes de assumirem cargos no primeiro escalão do Executivo. A regra defendida por Múcio constava no texto inicial de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), formulada pelo governo Lula, para estabelecer novos limites à participação de militares na política. Na semana passada, porém, o trecho foi retirado do texto, que proíbe integrantes da caserna de disputarem eleições.
Hoje, reajustes a civis e militares são analisados e concedidos separadamente. Ao defender que passem a caminhar juntos, Múcio fez um paralelo com a possibilidade de professores de “matemática e de português” serem tratados de forma distinta.
— Eu queria que, quando fosse discutir o salário do servidor público, não precisasse separar de militares, porque ambos são servidores públicos, cada um com sua tarefa. Quando fosse discutir salário, não tivesse “esse ano, militar não vai ter”. Quero que seja tratado como um companheiro com outra obrigação — afirmou o ministro.
‘Posição incômoda’
De acordo com Múcio, Lula mantém “relação excelente” com os comandantes das Forças, com quem o presidente tem se reunido regularmente desde o início do novo mandato. No caso do Exército, o general Tomás Paiva sucedeu o general Júlio César Arruda, destituído após os atos de 8 de janeiro.
Múcio atribuiu a mudança a uma “posição incômoda” enfrentada pelo general Arruda, que desagradou integrantes do governo pela demora para o desmantelamento do acampamento em Brasília. A desmobilização do acampamento e as prisões de integrantes foram feitas apenas na manhã seguinte aos atos do dia 8 de janeiro.
O Globo