Cientistas da Universidade de Massachusetts Amherst, nos EUA, conseguiram reverter a obesidade e reduzir o colesterol em camundongos com novo medicamento criado em laboratório, mesmo com os animais se alimentando com uma dieta rica em gordura.
O medicamento foi administrado diretamente no fígado através de um transportador de nanogel. A equipe de pesquisa afirma que esta nova compreensão do mecanismo significa que o encapsulamento de medicamentos em nanogéis pode ser um método eficiente para tratar doenças semelhantes, como doença hepática gordurosa, diabetes tipo 2 e colesterol alto no futuro.
O nanogel fornece um medicamento hormônio tireoidiano sintético chamado tiromimético. Os hormônios da tireoide ajudam a manter o metabolismo do fígado em equilíbrio, mas tomar tiromiméticos sistemicamente reduz sua eficácia e traz efeitos colaterais. Segundo a equipe de especialistas, o encapsulamento reduziu o risco de efeitos indesejáveis com a medicação.
“Cem milhões de americanos têm obesidade e distúrbios cardiometabólicos relacionados. Percebemos que precisávamos entregar esse medicamento seletivamente ao fígado porque, se fosse para outros locais, poderia causar complicações. Criamos uma abordagem simples, utilizando a nossa invenção, nanogéis, que podemos direcionar seletivamente para diferentes alvos”, diz o engenheiro quimico e biomédico, S. Thai Thayumanavan, um dos autores do estudo.
Thayumanavan e colegas usaram modelos de camundongos para confirmar que poderiam direcionar seu transportador de nanogel especificamente para células do fígado, chamadas hepatócitos. Um tiromimético chamado axitirome foi embalado em nanogéis aniônicos (ANGs) e administrado a camundongos obesos e controle diariamente durante cinco semanas por meio de injeção abdominal.
Os ratos obesos foram alimentados com uma dieta rica em gordura, açúcar e colesterol durante 24 semanas antes do tratamento. Os ratos mantiveram a dieta durante todo o tratamento, mas não apenas o peso voltou ao normal, os níveis de colesterol caíram e os níveis prejudiciais de inflamação do fígado diminuíram.
“Os ratos tratados perderam completamente o peso ganho e não observamos nenhum efeito colateral indesejável. Descobrimos que estamos ativando a via reversa de transporte do colesterol, que reduz o colesterol”, diz Thayumanavan.
Depois que os ANGs entram nos hepatócitos, o axitirome é liberado quando o ambiente nas células do fígado quebra as ligações do nanogel. A droga então se liga a uma proteína que ajuda a regular a expressão dos genes.
Os cientistas, entretanto, afirmam que é preciso fazer mais pesquisas e estudos para comprovar os pontos apresentados e que ainda há um longo caminho para ser explorado antes de ser testado em humanos.
Mas a equipe está esperançosa com a descoberta e o novo medicamento, segundo eles, os resultados são uma promessa para o tratamento de condições metabólicas como a obesidade.
A obesidade é um problema global que afetará, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 700 milhões de pessoas até 2025. No Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde, hoje, já são mais de 6,7 milhões de pessoas convivendo com a doença.
O Globo