O presidente Lula da Silva foi alertado de que o governo perdeu o debate da segurança pública. Também está ciente de que o PT credita parte da culpa ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, que tem o cargo ameaçado. Os petistas reclamam que, em nove meses de gestão, o governo não tem nenhum projeto robusto no setor e reivindicam o controle da pasta.
“Dino falou demais e a respeito de tudo no começo, mas não mostrou resultado. Fez um Programa Nacional de Segurança nas Escolas que tem algumas diretrizes na contramão das pautas da esquerda e o Pronasci é praticamente insignificante”, listou um dos integrantes da cúpula do PT.
Para piorar a situação, como o governo não tem uma marca no setor, Lula e seu partido não conseguem se livrar do fantasma da violência urbana e policial na Bahia, Estado governado pelo PT há 16 anos. “Para enfrentar as mazelas da segurança pública no País, Lula terá de ter um plano nacional. Até lá, a gente não pode nem criticar a violência em São Paulo, por exemplo, porque temos o telhado de vidro na Bahia”, observa uma das lideranças progressistas no Congresso.
Flávio Dino pode ‘cair para cima’ e ser indicado à vaga de ministro no STF
A pressão para tirar de Flávio Dino a Pasta da Segurança Pública deu propulsão a sua eventual indicação para uma vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Nos últimos dias, o nome do político e ex-juiz maranhense voltou a circular fortemente entre os cotados para o cargo.
Nos bastidores, as informações são de que os ministros Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes, do STF, também reforçaram a campanha em defesa da indicação de Dino. Ele, por sua vez, está cada vez mais silencioso, enquanto aguarda a decisão de Lula.
A escolha de Dino para o Supremo não é algo que deixaria a maioria do PT feliz. “Tem gente no partido que o vê quase como um rival. Afinal, ele dizimou o PT no Maranhão, por exemplo”, explica um interlocutor petista. No entanto, também há a leitura entre alguns atores da sigla de que “empurrar Dino para o STF” deixaria ele fora do páreo nas futuras campanhas, e não seria mais uma ameaça a pretensões eleitorais, por exemplo, dos ministros Rui Costa (Casa Civil) e Fernando Haddad (Fazenda).
Estadão/Roseann Kennedy