O governo Lula não tem um projeto consistente para a segurança pública. A avaliação não é apenas de petistas e aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que fazem a “fritura” do ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, há alguns meses. Especialistas em segurança pública também consideram o projeto de Dino fraco e inconsistente.
Ouvido no podcast Estadão Notícias, o professor Rafael Alcadipani, da FGV-SP e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, disse que o governo Lula apresenta “um cenário de inanição completa” nestes nove meses de gestão. “É um governo que não tem uma articulação de esforços que seja minimamente convincente”, declarou.
Até agora, Dino lançou um programa para as escolas enfrentarem ataques, acabou com a política do governo de Jair Bolsonaro de facilitar o acesso a armas por civis e relançou o Pronasci, criticado tanto pela esquerda como pela direita.
Quando esse programa foi lançado, em 2007, o número de assassinatos no Brasil era de 44 mil, e uma década depois, em 2016, esse tipo de morte disparou para 57 mil. Já nos anos de Bolsonaro, a criminalidade diminuiu. Em 2022, o número caiu para 40,8 mil, o menor número em mais de dez anos.
Alcadipani lembrou que Dino fala muito, especialmente pelas publicações espalhafatosas nas redes sociais, mas faz pouco. “Falta muita sobriedade ao ministro Flávio Dino. Cargo no Ministério da Justiça, e em secretarias de Segurança Pública, não é para fazer politicagem, é para tentar resolver problemas”, afirmou ao Estadão.
A inoperância de Dino como ministro da Justiça, que deveria lhe custar o cargo, segundo petistas e aliados, poderá lhe render uma promoção. Alguns setores dão como certa a indicação do ministro à vaga no Supremo Tribunal Federal (STF) que será aberta depois da aposentadoria da ministra Rosa Weber.
Criminalidade crescente na Bahia mostra falta de projeto de segurança do PT
Além da falta de um projeto de segurança no país, o caso da Bahia se mostra como característico da inoperância do PT no combate à criminalidade. O Estado mais violento do país é governado pelo partido do presidente Lula há 16 anos.
Seis das dez cidades mais violentas do país estão na Bahia, de acordo com a taxa de mortes intencionais registradas no ano passado. Os dados constam no Anuário Brasileiro de Segurança Pública divulgado em 20 de julho.
O anuário leva em conta os municípios brasileiros com mais de 100 mil habitantes, o que inclui cidades grandes e médias. Para chegar ao número de mortes violentas, são somados os indicadores de homicídios, latrocínios, lesões corporais seguidas de morte, policiais militares e civis vítimas de mortes violentas e mortes decorrentes de intervenção policial.