O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) convocou servidores públicos de todos os ministérios para que compareçam ao desfile de 7 de Setembro, nesta quinta-feira (7), na Esplanada. A ideia é garantir uma plateia simpática a Lula na arquibancada, barrar vaias e impedir protestos. O palanque do presidente na cerimônia terá 250 autoridades, mas os futuros ministros do centrão, ainda em negociações com o Palácio do Planalto, não estarão lá.
Na noite desta quarta-feira (6), Lula fará um pronunciamento em rede nacional de rádio e TV, no qual destacará o caráter popular do Dia da Independência. O tom do discurso será o de pacificação do país para mostrar que o verde e amarelo da bandeira do Brasil é símbolo de todos, e não de um governante.
No primeiro 7 de Setembro do terceiro mandato de Lula, tudo foi preparado para “desbolsonarizar” a data e resgatar o que o presidente chama de “auto-estima” dos brasileiros. Tanto é assim que o conceito do pronunciamento de Lula será o de Pátria sem dono, sob o slogan “Democracia, Soberania e União”.
MENSAGEM
Desde a invasão do Palácio do Planalto, do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF), em 8 de janeiro, Lula tenta passar a mensagem de união entre os Poderes. Foi em 7 de Setembro de 2021 que Bolsonaro chamou o ministro do STF Alexandre de Moraes de “canalha”.
Os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL); do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-AL), e do STF, Rosa Weber, confirmaram presença na tribuna de autoridades no desfile deste 7 de Setembro, assim como os comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, todos ostentando alinhamento com o atual governo.
Com acordo selado para entrar no governo, os deputados André Fufuca (PP-MA), que deve ocupar o ministério do Esporte no lugar de Ana Moser, e Sílvio Costa Filho (Republicanos-PE) – prestes a assumir Portos e Aeroportos – foram convidados para a festa, mas não comparecerão. Os partidos PP e Republicanos integram o centrão, que tem em Lira seu maior expoente.
Planejada para aumentar a base de apoio no governo no Congresso, a reforma ministerial de Lula virou uma novela que se arrasta há mais de dois meses e deve deixar cicatrizes políticas. O titular de Portos e Aeroportos, Márcio França (PSB), considera um erro entregar o ministério que hoje comanda para o Republicanos, partido do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, dando munição a um aliado de Bolsonaro.
Apesar da resistência de França, tudo indica que ele será mesmo transferido para Pequenas e Médias Empresas, o 38º ministério a ser criado por Lula – em um governo que já enfrenta dificuldades orçamentárias. Tanto França como Ana Moser confirmaram participação na cerimônia do 7 de Setembro.
SEM PRESTÍGIO, SEM META
O público estimado para o desfile é de 30 mil pessoas. O Ministério da Defesa, comandado por José Múcio Monteiro, levará aproximadamente 2.600 pessoas para assistir à cerimônia na arquibancada.
A Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom), organizadora da festa, nega que o governo tenha estabelecido metas de presença para cada ministério. Segundo assessores da Secom, foi aberto um número determinado de convidados para cada pasta apenas para facilitar a operação de segurança, mas todas as repartições acabaram solicitando mais vagas.
O ministro-chefe da Secom, Paulo Pimenta, disse não acreditar em atos de vandalismo no 7 de Setembro.
– Será um momento especial para fortalecermos a democracia e a soberania nacional – afirmou ele.
Múcio foi na mesma linha.
– Nós trabalhamos pela pacificação do país e não vamos deixar que haja conflitos – avisou o titular da Defesa.
*Com informações AE