Ministro ressalta em decisões que militares destinaram até local para caminhoneiros deixarem seus veículos próximos ao acampamento no QG.
Nos votos que defendem penas de até 17 anos para seis novos réus pela invasão da Praça dos Três Poderes em Brasília, no dia 8 de janeiro deste ano, o ministro Alexandre de Moraes detalha a guarida dada a militares do Quartel General da capital a golpistas.
Numa espécie de linha do tempo, o ministro mostra que os acampamentos surgiram um dia após a derrota de Jair Bolsonaro nas eleições – e que eles foram encorpados com base na disseminação em massa de convocações para um movimento de ruptura institucional.
O ministro mostra, por exemplo, que os caminhoneiros que se somaram ao movimento radical receberam dos militares até a destinação de uma área para estacionarem seus veículos sem serem importunados pelas autoridades.
O ministro detalha documentos que mostram que a aglomeração começou a ganhar corpo no dia 6 de novembro, sete dias após a derrota de Bolsonaro.
“Houve intensa participação de caminhoneiros, tendo o primeiro comboio chegado no dia 6/11/2022, com seus veículos alocados em espaços destinados pelos militares”, escreve Moraes no voto.
A participação de integrantes do Exército, da ativa e da reserva, na intentona do 8/1 é um dos braços da apuração do Supremo.
Um dos réus, Moacir José dos Santos, alegou como defesa que apenas passou pelo Palácio do Planalto já depredado, que não se engajou em atos violentos e que não era possível provar a participação dele na depredação do prédio.
O problema é que a acusação foi robustecida por fotos e arquivos encontrados no celular do réu. Moacir fez questão de fazer diversos registros dele mesmo, em selfies, em frente a espelhos e vidraças do Planalto despedaçadas.
Ele estava com um chapéu camuflado, uma bandeira do Brasil no pescoço e calçado grosso.
Além das selfies, Moacir colecionava convocações e até um manual de como lidar com gás lacrimogêmio, em caso de confronto com a polícia.