Brasília assistiu a um encontro inédito entre o presidente Lula e o chefe do Banco Central, Roberto Campos Neto, na quarta-feira (27).
Os dois trocaram farpas públicas durante meses por causa do patamar da taxa básica de juros (Selic), num confronto aberto pelo petista, que se acostumou a externar seu incômodo de forma muito mais explícita. Ao que parece, as rusgas ficarão no passado.
Novos encontros vão acontecer, embora ainda não haja data para as próximas reuniões. A informação foi confirmada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, nesta quinta-feira (28).
Lula, Campos Neto e Haddad combinaram de não comentar os assuntos discutidos. “Não conversamos sobre tópicos específicos. O presidente [Lula] deixou claro o respeito que tem pela instituição. A reciprocidade foi muito boa por parte do Roberto, foi uma conversa muito de alto nível”, limitou-se a dizer o ministro.
Nos bastidores, fontes garantem que o chefe do Banco Central deixou um recado: a Selic não deve cair a uma velocidade maior do que 0,5 ponto percentual, como vem ocorrendo nas últimas duas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom).
As críticas públicas de Lula ao presidente do Banco Central diminuíram desde que taxa básica de juros começou a cair, no início de agosto, mas não cessaram totalmente.
Os petistas também não dão sinais de trégua. O deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) promete apresentar uma representação à Comissão de Ética Pública da Presidência da República para pedir uma investigação sobre supostos investimentos de Campos Neto em fundos afetados diretamente pela política do Banco Central.
O Antagonista