O sociólogo italiano Domenico De Masi morreu em Roma aos 85 anos. Ele foi professor emérito de Sociologia do Trabalho na Universidade Sapienza de Roma, onde foi reitor da faculdade de Ciências da Comunicação. A morte foi confirmada neste sábado (9).
No dia 15 de agosto, ele descobriu que tinha uma doença invasiva, enquanto estava de férias em Ravello, segundo o jornal italiano Il Fatto Quotidiano. A causa da morte não foi revelada.
Masi foi responsável pela formulação do conceito de “ócio criativo”, que defende que o tempo livre, ao contrário do senso comum, não é algo necessariamente negativo, mas pode estimular a criatividade pessoal.
Em junho, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se encontrou com o sociólogo. Os dois conversaram sobre a conjuntura política atual no Brasil e na Itália e abordaram a necessidade de se estabelecer a paz tanto na Europa quanto no resto do mundo. Lula já havia visitado Masi em 2020.
O sociólogo nasceu em Rotello, em 1938. Ele é autor de mais de 20 livros como o “Ócio Criativo”, “Desenvolvimento Sem Trabalho”, “A Emoção e a Regra” e “O Futuro do Trabalho”. Também recebeu o título de Cidadão Honorário do Município do Rio de Janeiro.
Importância do ‘ócio criativo’ e tecnologia
Home office, desemprego em massa e crise econômica eram assuntos recorrentes para o sociólogo Domenico de Masi muito antes de a pandemia da Covid-19 reforçar velhos paradigmas e trazer novos dilemas para a humanidade.
Neste contexto, ao participar como conferencistas da Feira Internacional do Livro de Ribeirão Preto (SP), em 2021, ele citou a importância da tecnologia, ao debater a importância do “ócio criativo” – conceito consagrado em seu best-seller com o mesmo nome publicado pela primeira vez em 1995, e que o tornou um dos pensadores mais influentes do final do século 20.
Ideia que, diferente do que muitos ainda entendem como falta do que fazer, consiste no uso do tempo livre para geração de riqueza, conhecimento e bem-estar.
Na visão do professor, o avanço tecnológico agora é estratégico para um cenário em que cada vez mais pessoas poderão desempenhar funções de qualquer lugar, pelo chamado smart working, em uma rede de colaboração que extrapola as relações de trabalho.
“A tecnologia é o melhor e maior aliado do ócio criativo”, diz, em entrevista ao G1.
Mas Masi afirmou na época de que isso não deve significar mais tempo do dia dedicado às tarefas profissionais.
“As muitas pesquisas realizadas em todo o mundo mostram que, com o trabalho à distância, a produtividade aumenta de 15% a 20%. Isso significa que o teletrabalhador pode fazer em sete horas o que antes, no escritório, levava oito horas. Aqueles que, por teletrabalho, estenderam seu dia de trabalho em vez de encurtá-lo, são neuróticos que não podem viver sem trabalhar. Precisam de ajuda para se desintoxicar. O teletrabalho permite combinar trabalho, estudo e lazer: ou seja, permite o ócio criativo”, afirma.
Créditos: G1.