A Rússia tem atualmente 150 mil contêineres excedentes que os depósitos estão lutando para acomodar, refletindo um aumento no fluxo de mercadorias chinesas para o país, mas com muito menos contêineres saindo desses portos.
Isto está de acordo com uma análise publicada na última quinta-feira pela Container xChange, uma plataforma de negociação com sede em Hamburgo, Alemanha.
“Há um movimento significativo de carga da China para a Rússia, mas um movimento muito escasso de volta da Rússia para a China”, disse Christian Roeloffs, cofundador e CEO da Container xChange, no relatório. Isto tem um “impacto tremendamente prejudicial no negócio da logística de contêineres devido ao elevado desequilíbrio entre a oferta e a procura”.
Cabe lembrar que, há três anos, uma fila de navios de carga formou-se ao largo da costa de Los Angeles, EUA, transportando uma onda sem precedentes de importações para os consumidores americanos enfrentarem a pandemia e simbolizando a distorção da economia global.
O cenário da Rússia, no entanto, está mais intimamente ligado à geoeconomia. Enquanto a Rússia endureceu as sanções das economias ocidentais desde a invasão da Ucrânia, o governo de Moscou espera que o volume de comércio com a China ultrapasse os US$ 200 bilhões este ano, contra os US$ 185 bilhões em 2022, disse a Container xChange.
O resultado: um colapso no mercado secundário de contêiners em Moscou, que custam menos de metade do resto do mundo. O preço médio para comprar um contêiner usado de “alto cubo” de 40 pés – aqueles com um pouco mais de capacidade do que uma caixa normal de 40 pés – caiu para US$ 580 nesta semana na cidade, ante US$ 4.175 em fevereiro de 2022.
Para novos contêineres, o preço caiu para US$ 1.450, de US$ 4.309 antes da invasão da Ucrânia pela Rússia, de acordo com dados da Container xChange.
Salto na relação comercial
O comércio entre os dois países aumentou 37% nos primeiros sete meses deste ano, atingindo US$ 134,1 bilhões, disse a Container xChange, citando dados alfandegários chineses. As exportações da China para a Rússia aumentaram 73%, atingindo aproximadamente US$ 62,54 bilhões, enquanto as importações da Rússia cresceram 15%, para US$ 71,6 bilhões.
Os laços comerciais bilaterais estão cada vez mais estreitos, se os acordos recentes servirem de previsão. Na segunda-feira, a Associação da Indústria de Metais Não Ferrosos da China assinou um memorando de entendimento com a Associação Russa de Alumínio em Pequim, dizendo que o objetivo era colaborar mais estreitamente na alumina, na fabricação de alumínio e nos produtos de alumínio.
No início deste mês, o Fesco Transport Group – um dos maiores fornecedores de logística da Rússia – assinou acordos com o Jilin Northeast Asia Railway Group e a União de Empresários Chineses. “As partes planejam monitorar as rotas existentes de transporte de contêiners entre a Rússia e a China e expandir conjuntamente os potenciais transportadores na direção China-Rússia-China”, de acordo com um comunicado de imprensa no site da Fesco.
No início deste mês, o Indicador Comercial de Kiel observou que a atividade portuária russa se recuperou para níveis próximos ao período antes da guerra.
Créditos: INFOMONEY.